Gávea e TPG tornam-se sócios da Rumo para transportar açúcar

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Os fundos de investimento Gávea e Texas Pacific Group (TPG) tornaram-se sócios da Rumo Logística, empresa de transporte ferroviário controlada pela Cosan. Os dois investidores fizeram, juntos, aporte de R$ 400 milhões e vão ficar, cada um, com 12,5% do negócio (25% no total), calculado em R$ 1,6 bilhão. A Cosan manterá os 75% restantes.

 

A entrada de sócios estratégicos nesse negócio já fazia parte dos planos do grupo desde que a Rumo foi constituída, há quase dois anos. A empresa, voltada para o transporte ferroviário de açúcar entre o interior de São Paulo e o porto de Santos (SP), começou suas operações, de fato, no início deste ano.

 

A meta da empresa de logística é movimentar de 9 milhões a 10 milhões de toneladas de açúcar por safra - o que representa um terço da produção total do Centro-Sul do país - até 2012. Neste primeiro ano de operação, a expectativa da Rumo é atingir 5 milhões de toneladas de açúcar a granel. Para 2011, as projeções já são de 6,5 milhões a 6,8 milhões de toneladas.

 

Marcos Lutz, principal executivo da Cosan, afirmou que os fundos Gávea e TPG terão a opção, nos próximos três anos, de trocar de posição, ou seja, sair da Rumo para obter participação na Cosan, caso a empresa de logística não apresente liquidez. Os acionistas, contudo, não acreditam que essa seja uma possibilidade real, uma vez que o escoamento ferroviário tem forte potencial de crescimento. A Rumo também deverá ir à bolsa, quando as condições macroeconômicas ficarem favoráveis, segundo o executivo.

 

O transporte de açúcar pelos trilhos começou a ganhar corpo nos últimos anos - tradicionalmente o escoamento é feito por caminhões. Atualmente, cerca de 15% da produção de açúcar do país é escoada por trens. Os caminhões respondem por 85% do transporte da commodity até os portos. No futuro, essa equação poderá se inverter, acreditam os especialistas do setor.

 

Para viabilizar seu projeto, a Cosan, quando ainda era 100% controladora do negócio, encomendou 739 vagões e 50 locomotivas, que somam cerca de R$ 440 milhões. Do total, 439 vagões já estão rodando, afirmou Júlio Fontana Neto, presidente da Rumo. Quatro das 50 locomotivas também já foram entregues e todas estarão operando a pleno vapor até o início de 2011. A fábrica da GE em Contagem (MG) será responsável pelas locomotivas. As empresas Maxion e Randon estão entregando os vagões, na proporção dois terços e um terço cada, respectivamente.

 

"Vamos receber 28 locomotivas até o fim do ano e outras 18 até o fim do primeiro semestre de 2011", afirmou o executivo. Fontana, que por 12 anos presidiu a empresa MRS Logística, está à frente desse projeto há quase um ano.

 

A compra dos ativos ferroviários (vagões e locomotivas) da Cosan foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da linha Finame, com juros de 4,5% ao ano, por 10 anos, com dois de carência. A ALL (América Latina Logística) é a responsável pela gestão desses ativos.

 

Há investimentos em curso também na melhoria e duplicação da via férrea, incluindo duplicações de trechos, que devem avançar nos próximos meses, que somam cerca de R$ 535 milhoes. A Rumo já fez os pedidos de licenças ambientais para duplicação de trechos da ferrovia que interliga a cidade paulista de Itirapina a Santos, que soma 330 quilômetros, e para a construção de um grande terminal de captação de cargas em Itirapina. A empresa ainda dispõe de centros de captação em Sumaré (Airosa Galvão) e Pradópolis. O de Sumaré teve seu trecho de 180 quilômetros duplicado.

 

No início do ano, a Rumo fechou contrato para escoamento de parte da produção de açúcar do grupo São Martinho, um dos maiores produtores sucroalcooleiros do país. Segundo Fontana, outros contratos poderão ser alinhavados nos próximos meses.

 

Nesses últimos meses, a Rumo participou de "road shows" (apresentações) para atrair investidores ao negócio. Vários grupos e fundos se interessaram pela empresa de logística da Cosan - a maior companhia produtora de açúcar e álcool do mundo e uma das maiores distribuidoras de combustíveis do país. A operação da Rumo não estava, contudo, condicionada à entrada desses sócios, segundo Lutz.
 


Veículo: DCI


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