Danone mira aquisições para fortalecer operação

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Presidente da companhia no Brasil admite interesse na Batavo e em regionais

 


O francês Franck Riboud, presidente mundial da Danone, companhia que iniciou sua história produzindo vidros e hoje é a maior fabricante mundial de iogurtes, avisou no ano passado que a empresa tinha € 1 bilhão emcaixa para fazer aquisições. O
valor, como ele bem enfatizou, deveria ser usado fundamentalmente pelos mercados emergentes. Há cerca de 15 dias, as palavras de Riboud ganharam o papel. Em um movimento certeiro, a Danone conseguiu convencer a companhia privada russa Unimilk, segunda maior fabricante de laticínios do país, a se unir a ela. A fusão criou um negócio de € 1,5 bilhão e 28 unidades industriais. Controladores do novo negócio, com 57,5% de participação, os franceses conseguirão um lugar cativo nas gôndolas refrigeradas de toda Rússia, Ucrânia, Casaquistão e até mesmo da Bielorússia. E o melhor: com uma linha completa de produtos lácteos frescos, o que complementa o portfólio da Danone na região, além de fortalecer seu sistema de distribuição. Esta história poderá se repetir no Brasil, onde a Danone afirma ter por volta de 35%do segmento de produtos lácteos frescos, e Nestlé e Batavo (da BRF/Brasil Foods) como principais rivais.

 


No momento em que a Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, recomenda que a BRF Brasil Foods venda marcas como a Batavo
como forma de obter a aprovação da fusão entre Sadia e Perdigão pelo Cade, o argentino Mariano Lozano, presidente da Danone no Brasil, desconversa, ri, mas admite que, se a Batavo for à venda, há interesse por parte da Danone. “Estamos abertos a considerar novos negócios. Não só de empresas maiores, mas também de regionais. O Brasil está ficando cada vez mais importante para o grupo”, afirma Lozano. Sua estratégia é dobrar o tamanho da companhia emquatro anos – a contar de 2009 – e atingir R$ 2 bilhões em faturamento em2012. Só comlácteos frescos, o grande negócio da Danone no Brasil, o faturamento líquido de 2009 foi de R$ 1,3 bilhão. Em 2008, havia atingido R$ 1 bilhão. Em paralelo, Lozano planeja elevar a posição do Brasil de sexto para quarto lugar no ranking dos principais faturamentos no mundo com a divisão de lácteos frescos. Em 2008, o país ocupava a oitava posição. Comprodutos em150 países, a Danone tem suas principais vendas com lácteos frescos advindas da Espanha, França, Estados Unidos, Rússia, Alemanha e Brasil.

 

O caminho para crescer no mercado brasileiro está embasado em um punhado de projetos, o que envolve desde a produção de lácteos frescos no Nordeste, a partir desta quinta-feira, até a retomada do programa de vendas porta a porta neste
ano. O queridinho da Danone é o Activia, iogurte que mais cresce emseu portfólio e já está na geladeira de30%dos brasileiros. O crescimento orgânico é uma realidade para a Danone Brasil, que afirma não elevar seus preços desde 2007. Contudo, não será o único caminho para alavancar os negócios nos próximos anos. No momento, Lozano diz não negociar com outras empresas. “Até agora, não houve oportunidade, mas estamos observando e interessados emcomprar alguém.”

 

Possibilidade de sinergia e complementação de marca e distribuição são pontos nevrálgicos para a definição de alvos em potencial. “O Brasil é um continente. Olhá-lo somente como um país é limitado. Talvez faça sentido termos marcas regionais.” Esse tipo de pensamento foi herdado da matriz francesa que, desde a compra da Numico (maior fabricante de alimentos para bebês da Europa), em2007, por US$ 16,8 bilhões, definiu que não comprariamais companhias globais, e sim locais. A explicação para esta mudança não é difícil de entender. Em 2009, 53% das vendas do grupo foram obtidas fora da Europa Ocidental. Em1995, eram 15%. Os emergentes são a grande alavanca para a sustentabilidade do negócio da Danone. Para o grupo, o conceito de emergente vai além da ideia de Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). O que conta é o consumo per capita de iogurte, motivo que torna até os Estados Unidos um país emergente.

 

Veículo: Brasil Econômico


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