Estratégia: Fabricante do detergente Brilux e do sabonete Even, grupo de Pernambuco estuda mercado paulista
A Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte é uma das maiores fabricantes de bens de consumo do Nordeste. Discretíssima, com receita bruta anual em mais de R$ 200 milhões, a companhia faz parte daquele pequeno grupo de negócios regionais que cresceram muito rapidamente, criando pequenos impérios nas áreas onde atuam. Entre as suas 12 marcas de produtos, em pelo menos quatro a companhia é líder ou vice-líder de mercado na região nordestina. Beneficiada pelos ganhos de renda locais, a expansão do grupo tem sido de dois dígitos nos últimos anos - cresceu 20% em 2009 e pretende repetir a mesma taxa neste ano.
Nas últimas semanas, o comando da empresa, com sede no município de Paulista, no litoral pernambucano, tem sido questionado por parceiros sobre a possibilidade de sua entrada no mercado de São Paulo. O plano seria trazer as principais marcas, como sabonete Even, água sanitária Brilux e amaciante Sonho, para venda no varejo paulista. Com isso, acabaria entrando na seara de grupos como Unilever, Procter & Gamble e Colgate, em um território em que a disputa é acirrada.
A Raymundo da Fonte já teve conversas com fabricantes em São Paulo nos últimos meses, apurou o Valor. "Nós conversamos com eles [Raymundo da Fonte] desde o ano passado, e já estiveram na nossa fábrica. Mas é um processo moroso, não vai acontecer agora", conta Jamil Carvalho, diretor comercial da Abcott Indústria Química, fabricante de mais de 80 marcas e com sede em Rio das Pedras (SP). "É necessário ajustar o processo produtivo às novas linhas. Não fechamos o acordo, mas nada está descartado".
A companhia informa que está sempre aberta a estudar eventuais parcerias na terceirização de produtos em outras regiões. Mas ressalta que, entre os seus projetos prioritários no momento, não houve avanço para o início de exploração do mercado paulista a curto prazo.
"Nós conversamos com as empresas e é natural que isso aconteça porque avaliamos regularmente opções para a produção. Mas entendemos que São Paulo é um mercado muito grande, em que os investimentos são pesados para conseguir se estabelecer e o retorno só acontece a longo prazo", disse Romero Longman, diretor comercial da Raymundo da Fonte. "Precisamos levar isso em conta. Somos cautelosos, trabalhamos muito com o pé no chão". A companhia já colocou os pés no Sudeste, pois vende produtos no Rio de Janeiro. Criada pelo nonagenário Raymundo da Fonte (que ainda dá expediente na sede todos os dias), a fabricante possui 1,6 mil empregados e quatro fábricas no Brasil.
Veículo: Valor Econômico