Tradicional fornecedora de trigo para o Brasil, a Argentina firmou convênio com os moinhos comprometendo-se a entregar o produto de acordo com as necessidades da indústria nacional.
Em troca, os consumidores brasileiros garantem prioridade ao cereal argentino nas importações -por ano, o país precisa importar 5 milhões de toneladas.
Para Sérgio Amaral, presidente da Abitrigo, o maior benefício da parceria é a previsibilidade de abastecimento do cereal, na medida em que a troca de informações entre os dois países se torne mais frequente.
A novidade do acordo é a elaboração de uma classificação para o trigo importado.
As especificações foram discutidas entre técnicos brasileiros e argentinos e, com elas, os exportadores portenhos avaliam que ficará mais fácil responder ao que deseja a indústria brasileira -disposta a pagar mais pelo cereal que obedeça os padrões.
"Se a produção atender à demanda específica, conseguimos agregar valor ao nosso produto", afirma Mariano Otamendi, membro da Carbap (associação que reúne 70% dos produtores de trigo da Argentina) e da Aaprotrigo (entidade que representa toda a cadeia do cereal).
A proximidade entre produtores argentinos e a Abitrigo também pode estimular os agricultores brasileiros a se adaptarem às necessidades dos moinhos.
A falta de adequação da produção nacional à demanda industrial é uma queixa antiga do setor.
"Não faz mais sentido ficar com um mico nas mãos. Esse convênio também é um convite aos produtores brasileiros a fazer o mesmo. É um caminho bom para todos", afirma o presidente da Abitrigo.
Veículo: Folha de S.Paulo