Cosméticos não seguem movimento de queda no número de novidades registrado em 2010 até julho
Ao contrário do verificado em 2009, neste ano houve uma retração no volume de lançamentos de produtos no primeiro semestre no Brasil. Levantamento da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), realizado com exclusividade ao Valor , revela que a queda de 10% (para 6.315 itens), no entanto, não afeta todos os setores da mesma forma. Mercados expressivos e em forte expansão, como cosméticos e produtos para beleza continuam a registrar número elevado de novidades nas lojas.
Segundo a consultoria americana Mintel, parceira da ESPM, a soma total de novos produtos apresentados neste ano no Brasil, até o dia 14 de julho, na área de perfumaria e maquiagens, por exemplo, já supera o número de 2009 em igual período. Esse é o principal destaque do levantamento de 2010. No caso de produtos de cuidados para casa e bebidas, a expectativa é que ocorra um empate com o número de 2009.
"O Brasil é o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo e o segundo em perfumaria. É claro que as empresas acabam mantendo investimentos em áreas tão prósperas, independentemente de crises", diz Lásaro do Carmo Jr, diretor da Jequiti, empresa do grupo Silvio Santos e concorrente de Natura e Avon.
Pelos cálculos da Mintel, se o ritmo de inovações se mantiver, a quatidade de lançamentos de beleza e cuidados pessoais deve atingir mais de 3,6 mil itens em 2010 - foram cerca de 3,5 mil em 2009.
Na avaliação de Fábio Mestriner, coordenador do núcleo de estudos da embalagem da ESPM, é preciso analisar esses resultados com cautela. Há um encolhimento no número de novos produtos no Brasil por conta de uma migração de investimentos para outros mercados. Essas regiões voltam a receber altos volumes de lançamentos, passado o pior da crise global iniciada em 2008.
No entanto, ainda que alguns setores tenham menor vigor em termos de lançamentos, há exceções à regra. "Mesmo que nós tenhamos perdido velocidade de crescimento, ainda ocupamos o sexto lugar em termos de países com mais lançamentos. Não somos mais o segundo colocado como em 2009, mas é a mesma colocação de 2008", diz ele. Além disso, diz, ainda há setores com tamanha importãncia que não sentem esses impactos pontuais.
De acordo com a consultoria Mintel, a mudança nos hábitos de compra dos consumidores nos Estados Unidos levou as companhias a repensarem os seus planejamentos de produtos e marcas pelo mundo.
"Depois de os consumidores terem sentido forte impacto da recessão em suas vidas, nós esperamos melhorias nos gastos em consumo [nos EUA]. Os compradores estão vivendo dentro de uma 'nova economia', e as companhias estão se adaptando a esse novo perfil de compra", informa a empresa de pesquisa na área de consumo, em relatório sobre perspectivas para 2010.
Para economistas ouvidos pelo Valor, é pouco provável que o Brasil termine o ano com queda no volume de itens lançados em 2010. Aumento no consumo das famílias (4,1% em 2009) e elevação nos investimentos anunciados pelas empresas de consumo explicam o otimismo.
"Nós temos um mercado consumidor muito variado, com diferentes perfis de consumo, e com demanda crescente em todos os níveis. É algo que só temos aqui", diz Tarek Farahat, presidente da Procter & Gamble no Brasil.
"Há um cenário muito mais confiável em termos de potencial de consumo hoje do que há cinco ou dez anos, e um mercado propício para desenvolvimento de novos produtos em muitas áreas e para diferentes classes sociais", diz Fabio Silveira, sócio da RC Consultores.
Veículo: Valor Econômico