Na avenida São Paulo, na cidade de Aparecida de Goiânia (GO), filiais de companhias de produtos cosméticos se espalham pela vizinhança, uma ao lado da outra. Nos cinco quilômetros da avenida, há cerca de 40 escritórios de fabricantes do setor, como informa a Secretaria da Indústria do Município. "Temos uma vocação antiga. Pelo menos mais da metade das companhias da área operam em fábricas instaladas na cidade", diz Marcos Bernardo Campos, secretário de comércio do município, com 530 mil habitantes.
Dados publicados em abril pela Abhipec, a associação do setor, mostram que entre os seis Estados com mais fábricas do setor de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal no Brasil, Goiás apresentou o crescimento mais veloz nos últimos cinco anos.
O número de indústrias instaladas em Goiás cresceu 63,5% de 2005 a 2009. No ano passado, o volume aumentou 13,2%, e atingiu 103 unidades fabris ao final de 2009. "Já são 150 empresas atualmente", disse Campos. "A maioria dos investidores no Estado é de pequenos e médios empresários".
Ao se analisar os Estados que já tinham um número considerável de empresas, e continuaram a crescer, Goiás e Minas Gerais se destacam, nessa ordem. São Paulo é o Estado com o maior número de indústrias (732), mas perdeu 26 empresas entre 2008 e 2009. O Valor apurou com fontes próximas à Secretaria da Fazenda paulista que mais da metade das empresas que saíram do Estado informaram mudança de endereço para outros Estados.
Há regiões que começaram a se mexer nos últimos 45 dias, e tomaram medidas de impacto fiscal no setor. Em Goiás, a alíquota de ICMS é de 12%, a mais baixa do país (em São Paulo, chega a 25%). Há uma semana, o governo do Paraná decidiu reduzir os impostos sobre a venda de cosméticos. O ICMS será reduzido dos 25% para 12%. "Estamos restabelecendo a justiça fiscal e tributária em relação a esses setores", desabafou dias atrás Orlando Pessuti, governador do Paraná.
No Rio Grande do Sul, o governo local acaba de ampliar o prazo de recolhimento do ICMS por substituição tributária nas vendas internas. A medida atinge as empresas da área, que terão duas semanas a mais para recolher o imposto.
Na avaliação de empresas instaladas em Goiás, eventuais ganhos fiscais, como Imposto Sobre Serviços menor (4% em Goiás), pesaram na balança. "Além disso, o valor dos terrenos é muito menor, cerca de 50% inferior ao de outros Estados", conta Elaine Bassaco, gerente da chinesa Tiens do Brasil, uma nova fabricante do setor no país, presente em 105 países e com sede em Aparecida de Goiânia.
Segundo ela, para reduzir custos, foi possível negociar bons contratos com transportadoras e empresas de entrega. "Estamos economizando mais de 30% do que imaginávamos gastar em transporte", diz a gerente do grupo, presente em 105 países e fabricante de perfumes, pastas dentais e cremes.
Outra companhia goiana, a Vitalife, dona da marca Blockskin, acredita que a dificuldade em encontrar de mão de obra especializada em Goiás tem sido resolvida com os cursos técnicos do Senai na região. "Isso já melhorou", Celso Flávio da Silva, responsável técnico da Vitalife, com sede em Aparecida de Goiânia.
Veículo: Valor Econômico