Diferentemente do que o leigo possa imaginar, a produção leiteira é uma atividade complexa.
Os desempenhos produtivo e econômico são determinados por fatores como a alimentação, a genética, a sanidade, a reprodução, os diversos manejos, o bem-estar animal, os cuidados ambientais, entre outros.
A alimentação tem maior impacto sobre os resultados alcançados. Tanto no aspecto produtivo, pois os resultados de produção de leite e de reprodução são influenciados pelo manejo alimentar, como também na rentabilidade, uma vez que esse componente pode representar de 65% a 80% do custo total do litro de leite.
O uso de plantas forrageiras ("capim") de baixo valor nutritivo e pouco produtivas, como as pastagens nativas, contribui substancialmente para o baixo desempenho da atividade leiteira nacional.
Outro fator que compromete a produção é o manejo incorreto das pastagens.
É muito comum observar pastagens em solos não corrigidos e não adubados, além do uso de pastos e solos degradados, de baixíssima produtividade.
DIFERENCIAL
O Brasil possui um diferencial competitivo importante na bovinocultura. Nosso clima apresenta alta incidência de luminosidade, temperaturas elevadas e boa precipitação de chuvas.
Essas são condições fundamentais para o bom desenvolvimento das plantas tropicais.
As pastagens tropicais melhoradas são de rápido desenvolvimento e muito nutritivas, permitindo a intensificação (adoção de alta tecnologia e de bom manejo) do uso da área e da produção de leite.
Entretanto, para um bom desempenho, a pastagem deve ser implantada com preparo adequado da área, com correção e com adubação de acordo com a análise do solo, com manejo rotacionado e com variadas técnicas que levam o pasto a se desenvolver adequadamente, garantindo alimentação de qualidade e em quantidade para os animais.
Mas, mesmo sendo o pasto o alimento mais barato para o gado, não se pode descuidar de outros nutrientes, como minerais e vitaminas, além de concentrados proteicos e energéticos.
A boa alimentação faz parte de um "conjunto de engrenagens" que envolve todos os aspectos da pecuária leiteira, não havendo itens "mais importantes" ou "menos importantes".
O descuido em relação a um desses pontos pode trazer prejuízo.
Por isso, nenhum tópico e nenhum detalhe podem ser deixados de lado.
Além disso, nos tempos atuais, o produtor de leite precisa ser, além de pecuarista, também um excelente agricultor". (MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é médico veterinário, doutor e supervisor do sistema de leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, São Paulo).
Veículo: Folha de S.Paulo