País conta com 52 mil unidades e 5% delas têm porte de grandes empresas, faturando mais de R$2 milhões/ano
A padaria, que antes vendia só pão e leite e se confundia com o botequim da esquina, virou um grande negócio. A gestão empresarial, que inclui até profissionais com MBA, ampliou as perspectivas das empresas, que já são alvo até de fundos de investimentos interessados em aplicar seus recursos.
Hoje há redes de padarias com várias unidades espalhadas pelos estados, vendendo mais de 400 itens de fabricação própria. Cerca de 43 milhões de brasileiros passam diariamente pelas padarias em busca da primeira à última refeição. No ano passado, o faturamento do setor atingiu R$38 bilhões e cresceu 8,79% em relação a 2006, descontada a inflação. Há no país 52 mil padarias e 5% delas têm porte de grandes empresas: faturam mais de R$2 milhões por ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip).
“Até pouco tempo, tudo que um filho de dono de padaria não queria era ser chamado de padeiro. Era um negócio absolutamente sem charme. Tanto é que ‘bolo de padaria’ virou sinônimo de bolo ruim”, observa o presidente da Abip, Alexandre Pereira Silva. Atualmente, a terceira geração, formada por netos de fundadores (a maioria imigrantes europeus), está mudando a cara do negócio. “Estamos numa fase de resgate da atividade pela terceira geração, que é muito mais bem preparada que os fundadores”, diz Silva.
Até 1989, ser dono de padaria era o melhor negócio do mundo: o preço do pão era tabelado e a farinha de trigo, subsidiada pelo governo federal. Isso significa que toda a ineficiência das empresas do setor ficava encoberta por um sistema que garantia uma receita líquida e certa e com custos irreais. “Éramos felizes e não sabíamos”, afirma o presidente da Abip, Alexandre Pereira Silva.
Mas, na década de 90, o quadro mudou. Com o governo Collor, o trigo deixou de ser uma questão de segurança alimentar, as importações de farinha foram liberadas e o preço do pão deixou de ser tabelado. O impacto da livre concorrência no negócio de panificação fez com que cerca de seis mil padarias fechassem as portas, conta Silva. “Não existia nada de gestão financeira, a administração era empírica.”
Competição - A profissionalização do setor nasceu da necessidade de sobrevivência num ambiente cada vez mais competitivo, com os supermercados querendo trazer a padaria para dentro de suas lojas. No fim dos anos 90, a Abip, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), criou o Programa de Apoio à Panificação (Propan), espécie de MBA do padeiro.
Em sete meses, o dono da padaria aprende como gerenciar o negócio de forma eficiente. “As padarias que sofrem esse choque de gestão podem dobrar o faturamento e passar a ter resultado operacional, isto é, ganhar dinheiro com a venda de pão”, afirma o diretor da Abip e consultor do Propan, Ricardo Pereira Sales. Desde 2000, quatro mil donos de padaria foram capacitados.
Veículo: Correio da Bahia