Dona da marca Renata terá seu próprio moinho de trigo

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Selmi investe R$ 82 milhões em expansão

 

Das três maiores fabricantes de massas no Brasil, apenas uma não tem moinho de trigo: a paulista Selmi. Essa característica, embora pareça não ser determinante para o negócio, acaba colocando a empresa em desvantagem com relação às rivais J. Macêdo, das marcas Petybon e Brandini, e M. Dias Branco, dona da Adria e da Basilar. Mas não por muito tempo. Com investimentos somados de R$ 82 milhões, a Selmi - uma empresa familiar que tem 123 anos - está passando pela maior ampliação de estrutura de sua história. Além de uma fábrica nova, no Nordeste, os planos incluem a construção de seu primeiro moinho de trigo, em Rolândia, no Paraná.

 

"Com um moinho próprio, teremos um controle maior sobre as variações de preços do trigo", diz Ricardo Selmi, presidente do pastifício, com sede em Sumaré, no interior de São Paulo.

 

O histórico de preços da commodity - principal matéria prima de massas e biscoitos, as duas principais linhas de produtos da Selmi - explica a preocupação do empresário. Em 2007, o preço do trigo disparou, subindo 75,1% no ano (conforme a Bolsa de Chicago). Em 2008, houve queda de 30,1%. Em 2009, a tendência se manteve e os preços diminuíram 10,9%. Mas este ano, a curva se inverteu e o grão já acumula alta de 18,8%.

 

Além de maior proteção contra o sobe e desce do trigo, o moinho, de acordo com Selmi, pode diminuir o preço final dos produtos da companhia. "Estaremos comprando direto dos produtores e isso provocará barateamento. Também haverá melhoria da padronização de nossa matéria prima", diz o presidente.

 

A empresa, dona das marcas Renata e Galo, pretende investir R$ 40 milhões na nova estrutura em Rolândia, que além do moinho, contará com um centro de distribuição. A cidade fica a 18 quilômetros de Londrina, onde fica a segunda fábrica da companhia. "O terreno onde tudo será construído tem 300 mil metros quadrados", diz Selmi. A fábrica-sede da empresa, em Sumaré (SP), tem 223 mil metros quadrados terreno e área construída) e a de Londrina, 22 mil metros quadrados. Tudo deve ficar pronto, segundo Selmi, até 2013.

 

Antes disso, deverá ser inaugurada a terceira unidade de produção da empresa, na cidade pernambucana de Ipojuca, com 70 mil metros quadrados e R$ 15 milhões em investimentos. "O início da construção foi atrasado por conta de problemas burocráticos e porque tivemos que trocar de terreno. Mas a fábrica já deverá estar funcionando no início de 2012", diz Selmi.

 

A fábrica de Sumaré também está passando por ampliações. Com investimentos de R$ 27 milhões, as linha para produção de biscoitos estão ganhando reforços. "Nos próximos meses, vamos lançar uma linha de biscoitos premium e outra de amanteigados funcionais, com a adição de fibras e vitaminas", explica o presidente. A nova máquina que será usada para produzir esses produtos tem 250 metros de comprimento, incluindo o forno. A meta da companhia, que tem hoje 0,5% do mercado nacional de biscoitos, é chegar a 3% até o fim do ano que vem - o que não é pouco. As vendas de biscoitos movimentaram em 2009, segundo a Nielsen, R$ 6,3 bilhões, com alta de 6,8% em relação a 2008. A competição, entretanto, não é pequena. Conforme o mesmo instituto de pesquisas, há no Brasil mais de 530 marcas diferentes nesse setor.
 


Fabricante tem 12% das vendas de massas

 

Na entrada da sede da Selmi, em Sumaré, interior de São Paulo, há uma máquina esquisita, parecida com uma roca de fiar. O cavalete de madeira com uma engenhoca na ponta - por onde entrava a massa - foi a primeira máquina de macarrão usada pelos fundadores da companhia, em 1887. Hoje, toda produção da Selmi, dona de 12% do mercado nacional de massas, é feita sem contato manual, em máquinas que prensam, cortam, enrolam e até fritam, no caso do macarrão instantâneo.

 

Os ingredientes para qualquer tipo de macarrão são basicamente os mesmos: farinha e ovos. Depois de serem misturados, tudo é prensado por vários cilindros, que fazem a massa parecer uma grande esteira elástica, bem fininha. É aí que o processo fica mais interessante.

 

As máquinas que produzem os formatos longos (linguine e talharim - ou fettuccine) cortam a massa, que seguem penduradas em um cilindro de aço para uma espécie de forno, onde são secadas. Só os ninhos (aquele talharim enroladinho) seguem para secagem de um jeito diferente: depois do corte, feixes de massa entram em cilindros transparentes e recebem um jato forte de ar que faz a massa enrolar no formato desejado. Cada ninho cai em uma espécie de forminha e aí o processo segue, até a embalagem.

 

O macarrão instantâneo tem um processo de fabricação diferente. A massa é cortada e enrolada dentro de uma máquina. Cada porção, depois de receber um banho de vapor, entra num processo de fritura. "A massa não é encharcada com óleo, é uma fritura leve que é o que garante o cozimento rápido do macarrão", diz Romeu Eduardo Araújo, supervisor de qualidade da Selmi. Depois a massa é seca e embalada com o sachê de tempero. (LC)
 

 

Veículo: Valor Econômico


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