Hon Hai ingressa no varejo para retomar crescimento

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As fábricas chinesas da Hon Hai Precision Industry Co. produzem vários dos eletrônicos mais vendidos do mundo. Agora, ela quer vender esses aparelhos no próprio mercado interno de rápido crescimento da China.

 

A partir deste ano, a Hon Hai planeja abrir pelo menos dez grandes lojas de eletrônicos em Xangai e arredores até o fim de 2011, numa parceria que iniciou ano passado com a varejista alemã Metro AG. Louis Woo, o diretor da Hon Hai a cargo da iniciativa varejista, delineou os planos numa entrevista ao Wall Street Journal.

 

A Hon Hai também pretende abrir entre 45 e 50 lojas da Cybermart, uma pequena rede varejista que comprou dez anos atrás mas que tem crescido pouco. E Woo disse que a empresa pretende abrir outros 200 quiosques de venda de eletrônicos em supermercados de cidades chinesas, além de financiar empregados chineses que decidirem voltar para suas cidades de origem e abrir pequenas lojas para distribuir produtos da Hon Hai.

 

A investida da Hon Hai no varejo ocorre ao mesmo tempo em que ela enfrenta desafios em seu principal negócio, de fabricação de produtos, após décadas de crescimento veloz. A empresa de Taiwan, que usa o nome de fantasia Foxconn, produz iPhones e iPads para a Apple Inc., celulares para a Nokia Corp. e computadores para a Hewlett-Packard Co., entre outras empresas. Seus quase 1 milhão de empregados e receita de US$ 61,9 bilhões ano passado fazem dela a maior fabricante de eletrônicos para terceiros. Suas vendas no primeiro trimestre se igualam à dos dez maiores concorrentes juntos, segundo a firma de pesquisa de mercado iSuppli.

 

Mas após atingir esse patamar a Hon Hai precisa prospectar oportunidades cada vez mais diversas para continuar em crescimento. O faturamento ficou estagnado ano passado, embora analistas prevejam que deva voltar a subir este ano. E a Hon Hai também tem sido obrigada a ajustar seu principal negócio aos custos mais altos. A empresa anunciou em junho reajustes consideráveis para seus empregados, após uma onda de suicídios em seu gigantesco complexo em Shenzhen, onde mais da metade dos 900.000 funcionários chineses trabalha.

 

A Hon Hai informou que vai ampliar a expansão de suas operações industriais na China para províncias interioranas mais baratas, e planeja negociar com clientes a possibilidade de reajustar os preços para compensar os aumentos, parte de uma onda mais ampla de reajustes salariais que estão afetando uma série de multinacionais no país.

 

A vantagem da alta dos salários na China é que vai aumentar o poder de compra dos trabalhadores - o que significa que a expansão da Hon Hai para o varejo pode permitir que ela se beneficie da mesma tendência que está espremendo os custos de seu principal negócio.

 

"Com certeza os reajustes salariais vão influenciar diretamente o consumo interno", diz Woo, presidente do conselho da NCIH International Holdings Ltd., a filial varejista da Hon Hai. A estratégia de vendas da empresa está de acordo com os planos do governo chinês de reduzir a dependência das exportações na economia e favorecer uma demanda interna mais vigorosa, nota ele.

 

Woo disse que a Hon Hai planeja distribuir os produtos de marcas conhecidas que fabrica e também aparelhos de outros fabricantes. A Hon Hai ainda não finalizou as negociações com empresas como a Apple para definir exatamente quais produtos vai oferecer. Woo disse que a empresa pretende oferecer capital inicial de US$ 25.000 para cada um dos empregados seus que quiserem voltar para sua terra natal e abrir lojas familiares de eletrônicos nas cidades menores da China.

 

O mercado chinês de eletrônicos já é gigantesco e a previsão para este ano é que as vendas alcancem US$ 135 bilhões, segundo estimativa da Pully Brand Technology Consulting, uma empresa chinesa focada no segmento de eletrônicos.

 

O varejo local ainda é dominado por grandes redes chinesas como a Gome Electrical Appliances Holdings Ltd., que no fim do ano passado tinha 726 lojas em 198 cidades, e a Suning Appliance Co., que pretende ter 1.200 lojas em todo o país até o fim do ano.

 

Alguns analistas questionam se o varejo se encaixará bem na Hon Hai. A maioria de seus clientes já tem estratégia própria de varejo na China e abrir novos pontos de venda leva tempo e requer um conhecimento diferente da manufatura, diz Michael Palma, analista sênior da IDC que estuda fabricantes de eletrônicos.

 

"A Hon Hai tem um histórico fraco em varejo e o DNA da empresa pode não colaborar com essa investida", diz Palma. Ele diz que a Hon Hai tem recursos para financiar a operação, atrair as pessoas certas e sustentar a iniciativa por um período prolongado. Mas se não conseguir gerar vendas suficientes, "pode ser que ela só dificulte as estratégias de varejo dos clientes".

 

A HP e a Nokia não quiseram comentar a estratégia varejista da Hon Hai. A Apple não respondeu a um pedido para comentar os planos.

 

Veículo: Valor Econômico


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