Marcas desejadas ainda ignoram o mercado brasileiro

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Redes globais priorizam países asiáticos e reclamam de entraves logísticos e da alta carga tributária no Brasil

 

Grandes redes atraem turista brasileiro pela qualidade e por preços até 2/3 inferiores ao similar nacional

 

O dólar fraco e o crescimento exuberante transformaram milhares de turistas brasileiros no exterior em clientes preferenciais de gigantes globais do varejo.
Para a infelicidade de quem busca produtos de boa qualidade a preços invejáveis, muitas relutam em abrir filiais por aqui.

 

A Folha ouviu oito marcas -que, segundo consultores, estão entre as mais buscadas por brasileiros no exterior- sobre as intenções de instalarem seus negócios no país.
Empresas como Ikea e TopShop, por exemplo, priorizaram a Ásia como ponto de partida na expansão em emergentes, processo reforçado pela crise mundial.

 

Consultores de varejo mencionam, além da concorrência asiática, a carga tributária e a capacidade logística como obstáculos ao desembarque das grandes marcas.

 

QUALIDADE E PREÇO

 

As taxas de importação de mercadorias diminuem a competitividade delas.
"Um produto pode ser 50% mais barato fora do país. O Brasil ainda não conseguiu criar marcas com aceitação, qualidade e preço, como os da inglesa TopShop e da sueca H&M", diz Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, especializada no mercado de luxo.

 

Ferreirinha ainda destaca que os impostos no Brasil inviabilizam, por exemplo, que uma camiseta branca básica seja vendida por US$ 5 (R$ 8,61). "E é isso que o brasileiro encontra lá fora."

 

Já para Alejandro Pinedo, diretor-geral da consultoria Interbrand, a logística é o maior empecilho para a instalação de empresas estrangeiras em território nacional.
"O que não falta no Brasil é mercado. O maior motivo para empresas não se estabelecerem aqui são as dificuldades logísticas", afirma.
"Os mercados asiáticos são mais "market-friendly". Eles [os estrangeiros] vão olhar para o PIB, o consumo, a população, o crescimento, mas eles também querem saber o quão fácil é ser um negócio naquele país", explica Martha Stickings, da Business Monitor International.

 

Os especialistas criticam a limitação de portos e alfândegas, a burocracia e o mercado de trabalho engessado.
Para eles, os países asiáticos atraem pelo potencial de crescimento para os próximos anos, com taxas médias superiores a 7% -de maior apelo que os 4% projetados para o Brasil. Todas as marcas consultadas já atuam em países na Ásia.
"Se tivesse alguns milhões para investir, iria para a China também", diz Boris Plarner, da consultoria internacional Planet Retail.

 

Ele aponta o Brasil como a opção C das grandes marcas europeias, atrás dos Estados Unidos e dos asiáticos.
Apesar das dificuldades, algumas marcas possuem planos concretos para se instalarem no país.

 

A britânica Agent Provocateur, de lingeries, por exemplo, já está em busca de parceiros por aqui e a francesa Sephora anunciou o desembarque depois de "namorar" o Brasil por dez anos.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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