Panetones, aves e suínos devem ter preços elevados – o que favorece a importação desses itens no varejo.
A alta nos preços dos alimentos – mais particularmente nos derivados do trigo e na carne bovina – poderá comprometer um pouco a ceia de fim de ano. Tudo indica que panetone, aves e suínos devem chegar às gôndolas com valores mais elevados. Para minimizar isso, supermercados e grandes redes apostam em itens importados, uma vez que o dólar anda baixo. O alvo preferencial está na classe C, ávida para consumir esses produtos.
"Ainda não sabemos qual será o aumento no preço do panetone. Em relação às carnes, as consultas às tabelas de preços acabaram de começar", disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), Alvaro Furtado.
No entanto, segundo o executivo, a provável elevação de preços de itens nacionais não traz preocupações, uma vez que esse fim de ano promete ser o dos alimentos importados. "Os supermercados de pequeno e médio portes estão de olho na classe C. A presença dos importados deverá ser maior justamente em um momento no qual o dólar é favorável à importação", afirmou.
Seguindo esse raciocínio, os principais destaques das festas de fim de ano neste ano prometem ser bebidas, castanhas e carnes mais nobres.
Clube de compras – Ainda de acordo com Furtado, além de sintonizar o mix de produtos com o desejo dos clientes, outra forma que os estabelecimentos do pequeno e médio varejo têm para tornar os preços mais atrativos aos consumidores – seja em épocas sazonais, como Natal e Ano-Novo, ou não – é utilizando o chamado "clube de compras".
"Isso já é prática comum para que possamos concorrer com as grandes redes. Formamos um grupo para aumentar a escala. Os descontos podem chegar a 25% do valor caso as compras fossem feitas de forma independente." Ele estima uma alta de 8% nas vendas no fim do ano em relação a igual período do ano passado.
Grandes – Embora o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, descarte que uma eventual alta nos preços dos panetones esteja atrelada ao aumento do trigo e derivados, ele avalia que há possibilidade de continuidade na elevação das cotações das carnes – até mesmo peixes.
"A carne bovina continua a ser a principal matriz das proteínas para o brasileiro. Qualquer impacto na cotação desse produto influencia os demais. Como produtos agrícolas são muito suscetíveis a acontecimentos específicos, fica difícil prever se o aumento atual irá perdurar, mas é bem provável", afirmou.
No caso dos suínos, por exemplo, o abastecimento das indústrias nacionais e exportadoras para as vendas de fim de ano é um dos fatores que têm mantido as cotações dessa proteína em alta. Isso porque alguns países importadores de carne suína brasileira fecham os portos em novembro e antecipam as compras. Somente em São Paulo, neste mês, o suíno no atacado aumentou 2,5%, para, em média, R$ 4,48 por quilo (carcaça comum) e R$ 4,78 por quilo (especial).
O dirigente da Abras, no entanto, concordou com o colega do Sincovaga e disse que a presença de itens importados para agradar os emergentes da classe C irá crescer.
"Houve um reforço muito grande do mix bazar que inclui eletroeletrônicos e brinquedos, por exemplo. Além de um novo nicho de consumidores e do dólar favorável, há outro fator que incentiva esse processo. Estados Unidos e Europa ainda não se recuperaram da crise, e a saída está em mandar seus produtos para os países emergentes nos quais o consumo cresce."
Veículo: Jornal: Diário do Comércio - SP