Pomares comerciais em São Paulo e Minas estão sendo atacados por um ácaro, provocando perda de até 80% nos plantios
Áreas comerciais de lichia em São Paulo e Minas Gerais, os principais Estados produtores da fruta, estão tendo prejuízo com o ataque de um ácaro que já é considerado a primeira praga importante da cultura no País. O ácaro da lichia, ou ácaro da erinose - foi relatado de forma não oficial em 2004, na região de Ribeirão Preto (SP), segundo o professor da área de Fruticultura da Universidade de Brasília (UnB), Osvaldo Kiyoshi Yamanishi. "É uma praga quarentenária, que agora está causando perdas de 70% a 80% em pomares comerciais", diz Yamanishi. "Fora do Brasil, o ácaro já existe em todos os países que têm produção, exceto a África do Sul", diz o produtor Estevam Luiz Del Nero Costa Marques, de Taubaté (SP). Marques é fundador do portal Lichias.com.
O ácaro ataca brotações novas, nos pontos de crescimento da planta, e injeta uma toxina que provoca bolhas nas folhas da lichieira. A área atacada pelo ácaro é colonizada por uma alga (Cephaleuroi virensis), que forma uma carapaça que serve de proteção ao ácaro. "Há uma simbiose entre ácaro e alga", diz Yamanishi. "As perdas decorrem de queda de produtividade, porque o ácaro primeiro ataca folhas e migra para as inflorescências, resultando em perda de produção dos cachos", diz o produtor. Como não há produto para controlar o ácaro, pesquisadores e produtores estão buscando o controle biológico. "Por enquanto, controle químico não é o ideal. Melhor é monitorar os sintomas. Estamos também estudando o melhor manejo - adubação e poda - para conviver com o ácaro sem que isso cause prejuízo", diz o professor.
Veículo: O Estado de S.Paulo