A rede varejista Cencosud comprou a cadeia de supermercados Bretas por R$ 1,35 bilhão. Segundo informou o grupo chileno, o negócio duplica sua presença no Brasil.
O acordo deve ser concluído em 29 de outubro. O pagamento se dará, de acordo com a Cencosud, parte por meio recursos tomados em bancos e parte com o caixa da própria companhia. As negociações foram curtas, durando poucas semanas. “Para nós, o Brasil e o Peru são mercados estratégicos”, afirmou o gerente geral da Cencosud, Daniel Rodríguez.
O acordo contempla também o compromisso, por parte dos vendedores, de inaugurar no Brasil oito supermercados antes do fim deste ano.
Hoje, o Bretas possui 62 supermercados, 3 centros de distribuição e mais de 10 mil funcionários nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia. A Cencosud entrou no mercado brasileiro em novembro de 2007, quando comprou a rede GBarbosa, que atua no Nordeste brasileiro.
No início do ano, o dirigente do grupo, Estevão Duarte de Assis, que comandava a empresa em sociedade com outros onze parentes, já tinha afirmado ao Valor que estudava a entrada de um novo sócio, de fora da família, na empresa. “Poderia ser interesante a entrada de um novo sócio”, afirmou o executivo na ocasião.
Procurado pelo Valor, o Bretas afirmou que não há porta-vozes disponíveis para comentar a operação no momento.
Compra do Bretas por R$ 1,35 bilhão faz chilena Cencosud dobrar presença no país, com cerca de 200 lojas
A venda da rede de supermercados Bretas para a chilena Cencosud, anunciada sexta-feira por R$ 1,35 bilhão, pode ser a primeira de uma série de aquisições em Minas gerais, que não via uma venda no setor há dez anos. Todos os grandes supermercados do Estado estão sendo disputados por grupos externos, segundo informações do setor. O Bretas, do empresário Estevam Duarte de Assis, não era cobiçado apenas pela chilena Cencosud, mas por pelo menos dois outros conglomerados comerciais. Com a compra, a chilena dobra sua presença no país, chegando a seis Estados e cerca de 200 unidades - supermercados, farmácias, lojas de eletrodomésticos e postos de combustíveis.
O Bretas, com sede em Contagem, estava sendo negociado com o Cencosud há apenas dois meses. A empresa foi o maior grupo supermercadista do país com capital 100% nacional até 2008, posição perdida no ano passado para o gaúcho Zaffari e o fluminense Prezunic. Segundo o mais recente balanço da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), a varejista mineira é o sétimo grupo em faturamento do Brasil, com vendas somando R$ 2,1 bilhões, e estava com a previsão de chegar a 71 lojas este ano e a vendas de R$ 2,5 bilhões.
"Não sei se é bom para o país ter nosso comércio em mãos estrangeiras. Somos os maiores com capital 100% nacional e dez vezes menores que as gigantes do setor. A preocupação nossa é continuar a existir", disse, em tom nacionalista, Estevam Assis, presidente do Bretas e também da Associação Mineira de Supermercados, ao assumir o controle da entidade em fevereiro. Assis, que admitia desde o início do ano que buscava um "sócio externo", deverá se pronunciar sobre o assunto hoje.
A rede Bretas é inteiramente voltada para cidades médias do interior e destinava pelo menos 25% de suas gôndolas a fornecedores locais. Nunca atuou em Belo Horizonte, ainda que seja a maior rede do Estado: sua maior cidade de atuação é Goiânia. Suas 62 lojas ficam em sua maioria em cidades mineiras como Santa Maria, Itabira, João Monlevade e também na região do Vale do Aço. A empresa tem também uma unidade em Teixeira de Freitas, na Bahia. O Bretas, quem tem 12 mil funcionários, também opera três centros de distribuição e 10 postos de combustíveis - negócio em que a Cencosud fará sua estreia, já que não opera nesse ramo em outros países.
A atuação por nichos é comum entre os grupos supermercadistas mineiros. O segundo maior grupo de Minas, o DMA, das marcas "Epa", "MartPlus" e "Via Expressa", está concentrado na região metropolitana. Também vem sendo assediado com propostas de compra.
Parte dos sócios do DMA eram donos do Mineirão - maior rede de Minas Gerais até ser vendida para o francês Carrefour em 2000. O terceiro maior grupo mineiro é a Guga Comércio de Alimentos, da marca "BH Supermercados". Está espalhada pelo Estado, mas tem foco específico: atua só em bairros populares e é exclusivamente voltado para as classes C e D. É a rede mais capilarizada: planeja fechar o ano com 101 lojas (há 12 meses eram 92). O quarto maior grupo é o Bahamas, com lojas na Zona da Mata, sendo Juiz de Fora a sede.
No acordo de venda para a chilena Cencosud, os antigos donos firmaram o compromisso de inaugurar no Brasil oito supermercados antes do fim deste ano.
A Cencosud, também presente na Argentina, Colômbia e Peru, é uma das maiores varejistas da América Latina e está entre as companhias com mais ações negociadas na Bolsa de Santiago. A empresa, cujo valor em bolsa chega a US$ 15,3 bilhões, informou que pode financiar R$ 182 milhões por meio de bancos. O restante será pago com o fluxo de caixa até dezembro de 2014.
Com a aquisição, a Cencosud se consolida como quarto maior grupo varejista do Brasil, atrás do Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart. A empresa chegou ao país em 2007 depois de comprar a GBarbosa, no Nordeste, e em seguida a baiana Mercantil Rodrigues. Também adquiriram a Supermercados Família, de Fortaleza, em março por US$ 33,1 milhões, e a rede Perini, de Salvador, em abril por US$ 27 milhões.
Veículo: Valor Econômico