Após um período com forte consumo de eletrodomésticos, móveis e carros, itens que tiveram seus preços reduzidos com a isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os brasileiros voltaram a consumir roupas.
Em agosto, o volume de vendas de vestuário, calçados e tecidos cresceu 12,8% enquanto o varejo como um todo cresceu 10,4%, segundo o IBGE. As principais cadeias varejistas de roupa no terceiro trimestre mostram alta de 10% a 33% nas vendas, levando-se em conta o mesmo número de lojas abertas há um ano.
E, não é só a receita que cresce. A lucratividade dos lojistas também vem nessa toada, principalmente, por conta da expansão das redes. "Esse bom desempenho do setor é porque o consumidor está voltando suas atenções para confecção e também porque as varejistas estão com ações agressivas para atrair novos clientes", disse Eugênio Foganholo, da Mixxer Consultoria.
As boas vendas têm ocorrido nas lojas dirigidas a camadas mais populares e nas que atendem público de maior renda. Na popular Marisa, o faturamento cresceu 13,7% no terceiro trimestre. Na grife de luxo Le Lis Blanc, a prévia do balanço do terceiro trimestre mostra avanço de 24%.
A Renner teve um aumento nas vendas de pouco mais de 10%, sendo que o resultado final foi ainda melhor, com o lucro líquido saltando mais 86% e atingindo R$ 57 milhões no final de setembro.
Um dos destaques do setor varejista de roupas é, sem dúvida, a catarinense Hering que viu suas vendas aumentarem 33,6% entre julho e setembro. Além disso, a companhia não amargou resultados negativos durante o ano passado como ocorreu com seus pares do varejo.
Ao contrário de Hering, a grife de roupas femininas Le Lis Blanc, cujo principal controlador é o fundo de private equity Artesia, teve um 2009 difícil, mas se recuperou neste ano. Na prévia do balanço do terceiro trimestre, a Le Lis Blanc prevê crescimento da receita 24%.
"Hering e Le Lis conseguiram se posicionar em nichos específicos por isso estão se dando bem. A Hering é uma alternativa aos magazine. Já a Le Lis é uma rede com várias lojas voltada ao público de maior poder aquisitivo, tipo de público que não tem muitas opções desse gênero", disse Foganholo.
Apesar do bom desempenho, o analista da corretora Fator, Renato Prado, lembra que a tendência é de que crescimento no varejo vá diminuindo daqui para frente, uma vez que a base de comparação é de uma economia já recuperada. "O grande boom foi no primeiro semestre porque o mesmo período de 2009 foi muito fraco. Agora, já comparamos com um segundo semestre que teve retomada e, consequentemente, o ritmo de expansão é menor. Mas, ainda assim, o setor de vestuário é um dos destaques do varejo", disse Prado
Veículo: Valor Econômico