Marca local cresce mais que nacional no Nordeste

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O consumo de bens não duráveis no Brasil até agosto deste ano cresceu 6,2% em volume em relação ao mesmo período do ano passado, segundo pesquisa da Nielsen. Nos oito primeiros meses de 2010, o ritmo de crescimento é quase cinco vezes maior que o 1,3% o do mesmo intervalo de 2009. Todas as regiões do país consumiram mais, com destaque para o interior do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, com alta de 9,2%; o Sul, com 7,3%; e o Nordeste, com 7,9%. Esta região, segundo o estudo, é a que tem apresentado desenvolvimento mais consistente e as marcas com apelo regional são as que mais têm se destacado.

 

"No Nordeste, o número de consumidores de baixa renda caiu de 67% há dois anos para 64% da população agora", diz João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento da Nielsen.

 

Na corrida para conquistar o consumidor nordestino, marcas que têm identificação local saíram ganhando, segundo o levantamento. As marcas de água mineral regionais nordestinas, por exemplo, cresceram 39,2% contra 7,5% das nacionais em volume nesses oito primeiros meses do ano em relação ao mesmo intervalo de 2009. O volume de leite em pó de marcas regionais, por exemplo, cresceu 20,6% na região, contra 2,3% das marcas nacionais. Isso acontece em 7 de 12 categorias de produtos analisadas pela Nielsen.

 

As marcas regionais, em geral têm preços mais competitivos - cerca de 30% abaixo do mercado, segundo a Nilsen. Além disso, suas embalagens priorizam a relação entre custo e benefício do produto. "Muitas vezes, esses produtos são de empresas nacionais ou globais, mas as marcas são regionais. Há uma marca de suco em pó, por exemplo, que usa a Ivete Sangalo como garota propaganda. É a valorização do orgulho nordestino", diz o diretor da Nielsen. "Isso mostra que trabalhar as marcas de formas distintas em cada região do país é fundamental para os fabricantes atualmente", completa.

 

Outra característica do consumo no Nordeste é que 79% das pessoas concentram suas compras em canais tradicionais (padarias e mercearias) e supermercados pequenos, com até nove caixas. "A busca por conveniência e mais sortimento tem favorecido esses canais de venda", diz Lazzarini.

 

Entre os mais pobres, a compra de produtos básicos (arroz, feijão, produtos de limpeza) acontece onde há mais atrativos de preço. Mas mesmo o consumidor mais humilde tem seguido uma tendência que está começando a dominar o mercado: a da sofisticação. "Cada um busca consumir melhor, conforme seu estilo de vida", diz o diretor.

 

As vendas de papel higiênico dupla face são um exemplo disso. Com melhor qualidade, mas custando mais que o folha simples, o produto vem apresentando taxas de crescimento em volume na casa dos 40% em relação a 2008. Segundo o estudo, 66% desse aumento de vendas se deve a novos consumidores que antes compravam o artigo mais modesto - que tem vendas estáveis ou até em queda.

 

"Depois de alguns anos de ganho de renda, o consumidor, até mesmo o das classes mais baixas, começa a buscar mais sortimento. Ele quer melhorar seu consumo", diz Lazzarini. Além da busca por itens mais sofisticados, outro vetor do crescimento do consumo no país, segundo o estudo, tem sido a indulgência. "É quando a pessoa compra pensando 'eu mereço'", diz Lazzarini. Produtos práticos, convenientes e que "fazem bem" (incluem os saudáveis e os que ajudam o meio ambiente, como detergentes biodegradáveis) também têm elevado o consumo.

 

Nacionalmente, todas as categorias de produtos tiveram alta. As bebidas alcoólicas (incluindo cervejas) deram um salto de 9,7% em volume este ano. As não alcoólicas, principalmente os refrigerantes, cresceram 10,2%. Os produtos de limpeza tiveram elevação de 6,2% e os perecíveis, de 8,3%.

 

Veículo: Valor Econômico


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