A capixaba Tangará Foods, indústria de lácteos e importadora e exportadora de commodities agrícolas, tem em caixa R$ 300 milhões para aquisições. Segundo José Aloízio Teixeira de Souza Júnior, vice-presidente de operações da Tangará, a ideia é ampliar sua atuação no chamado setor de food service, agregando a seu portfólio empresas que fornecem produtos para a indústria de alimentos. "Se surgirem outras oportunidades de negócio interessantes, essa quantia pode aumentar", afirma Souza Júnior. De acordo com ele, há conversas avançadas com uma indústria de alimentos e de distribuição do Rio de Janeiro, cujo nome ele preferiu omitir.
Ao mesmo tempo, a Tangará está ampliando sua presença no varejo. Depois de ter lançado recentemente a marca de café Puro Aroma no Rio de Janeiro, a empresa começa, no início de 2011, a vender leite em pó e soluções lácteas no Norte e Nordeste. "De início, escolheremos apenas algumas capitais para essa operação", diz Souza Júnior. "Em 2011, nosso faturamento deve ter um acréscimo de até R$ 150 milhões por conta da operação varejista." Neste ano, o faturamento da Tangará deve atingir R$ 1 bilhão, 35% a mais do que em 2009. No ano que vem, o objetivo é chegar a R$ 1,25 bilhão.
Mudança. A reviravolta na história da Tangará começou em 2006, quando a empresa decidiu diminuir a participação de licitações públicas em suas receitas, que na época representavam 80% do total, investindo na exportação de commodities agrícolas como café verde, carne, açúcar e cacau, entre outras. "Entramos num momento muito favorável ao exportador, de preços altos e boas margens de lucro", diz Souza Júnior.
Paralelamente, a carteira de clientes das soluções lácteas, antes restrita a uma centena de nomes como Kibon, Nestlé, Danone e Sadia, passou a incorporar restaurantes, hotéis e pequenos estabelecimentos, atingindo mais de 13 mil clientes. Complementando o reforço de clientes, a Tangará aumentou seu portfólio de produtos, incluindo itens como azeite de oliva e fermento, recheios e coberturas para panificação.
Essa mudança de estratégia rendeu bons resultados ao grupo familiar de origem mineira, que antes de fundar a Tangará, em 1993, na capital capixaba, atraído pelo boom do setor de lácteos, atuou por 50 anos com a Nacional Comércio, que vendia peixes e cereais. "Desde 2006, quando faturamos R$ 200 milhões, quintuplicamos de tamanho", diz Souza Júnior.
Não à toa, esse fôlego chamou a atenção do mercado. Segundo Souza Júnior, semanalmente a matriz da Tangará recebe pelo menos duas ligações de representantes de fundos de investimentos com propostas de compra de participação acionária. Souza Júnior garante que a Tangará não descarta nenhuma possibilidade de crescimento. "Quando uma dessas propostas for boa para nós, fecharemos uma parceria", afirma. "Agora, estamos focados em crescer com nossas próprias pernas."
Veículo: O Estado de S.Paulo