A produção mineira de batata deve encerrar a safra 2009/2010 com crescimento de 15% frente à produção registrada no ano anterior. Ao todo, o Estado será responsável pelo cultivo de 1,413 milhão de toneladas do produto. A colheita da safra mineira das águas já foi iniciada e deve ser encerrada em fevereiro, período em que se inicia o plantio da próxima safra. A região Sul do Estado é a principal produtora, respondendo por 46% da produção mineira.
Devido ao incremento na produtividade, foi registrado recuo próximo a 50% nos preços da batata. Atualmente o preço da saca do produto está em torno de R$ 28, enquanto os custos de produção ficam próximos a R$ 32.
As expectativas em relação à comercialização da atual safra são pessimistas em função dos preços baixos. Isto devido à grande oferta do produto no mercado e o nível consumo praticamente estabilizado.
De acordo com o engenheiro agrônomo e diretor executivo da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, a expectativa de produção em 2010 era de crescimento, porém de forma moderada para evitar reduções bruscas dos preços.
"Diante dos bons preços obtidos durante a colheita da primeira safra de batata, os produtores investiram na ampliação da área plantada. Com isso tivemos uma superprodução que foi impulsionada principalmente pelo clima favorável durante o desenvolvimento", disse Ribeiro.
Durante a primeira e a segunda safras houve valorização do produto no mercado, o que contribuiu para acelerar a colheita. O valor de comercialização da saca de 50 quilos, no período, chegou a ser comercializado a R$ 85, dependendo da qualidade, enquanto os custos não superam R$ 35.
Mercado - Segundo informações da Abasmig, a valorização do produto ficou próxima a 20%, durante a comercialização das duas primeiras safras. O incremento foi atribuído à redução da safra no Paraná, o que promoveu o recuo da oferta no mercado e impulsionou os preços.
A partir de junho, com o início da colheita no Paraná, foi registrada queda na cotação da batata. O preço médio registrado em julho, em Minas Gerais, ficou em R$ 55 a saca de 50 quilos, redução de 35,2% frente os valores praticados até junho.
A área plantada na região do Sul de Minas apresentou aumento na terceira safra. O incremento foi de 16%, passando dos 4,2 mil hectares para 5 mil hectares. A expansão só não foi mais expressiva pela cultura nesta época ser irrigada.
"Os produtores estavam motivados e ampliaram produção para aproveitar os preços elevados. Porém o resultado foi negativo com queda considerável nos preços", disse Ribeiro.
Um dos fatores que está contribuindo para reduzir as perdas dos produtores na terceira safra do ano é a valorização do real frente ao dólar, que impactou para baixo os preços dos insumos utilizados nas plantações de batatas.
"Os adubos e fertilizantes respondem por cerca de 70% dos custos da produção de batata. Com a queda nos preços a cultura foi beneficiada, já os produtores tiveram melhores condições de investir nos tratos culturais", disse.
Minas responde por 33% da produção nacional de batatas. A região Sul de Minas é a maior produtora, representando cerca de 46% da cultura estadual. O produto abastece principalmente os mercados de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Nordeste.
A produção de batatas é dividida em três safras. A primeira é colhida entre dezembro e março, sendo considerada a de menor custo devido ao grande índice de chuvas. Por não exigir investimentos em irrigação, cerca de 90% dos produtores envolvidos são de pequeno porte.
A segunda e a terceira safras são mais caras por exigirem sistemas de irrigação, a área plantada cai de 12 mil hectares registrados na primeira safra para 4 mil hectares e 5 mil hectares, respectivamente.
Veículo: Diário do Comércio - MG