Nem a restrição à oferta de crédito, a partir da recente iniciativa do Banco Central de elevar as alíquotas do depósito compulsório, nem o possível aumento da taxa básica de juros (Selic) em 2011, são capazes de abalar o crescimento do mercado de móveis e eletroeletrônicos no ano que vem, na opinião do superintendente do Magazine Luiza, Marcelo Silva. "Mais importante do que a taxa Selic é a taxa de emprego, o que interessa para manter a confiança do consumidor na economia", diz o executivo, que planeja abrir 50 lojas em 2011, contra 27 inauguradas este ano.
Um terço dos novos pontos de venda (17) deve ser aberto na Grande São Paulo e a maioria dos demais no Nordeste, onde a empresa desembarcou no fim de julho, com a compra da rede paraibana Lojas Maia. As vendas deste ano vão saltar 32%, para R$ 5 bilhões, considerando apenas o Magazine Luiza. Com a rede Maia (cujos números serão contabilizados partir de agosto), as vendas sobem para R$ 5,3 bilhões este ano. "Para 2011, acreditamos que as vendas de Luiza devem crescer 20% e, da Maia, 50%", diz Silva. Hoje, são 611 lojas em 16 Estados.
Segundo o executivo, a meta é preparar o Magazine até junho para abrir o capital. "Vamos usar os recursos para financiar a expansão", diz Silva, sem revelar a fatia da empresa que será colocada à venda. O plano é encerrar 2015 com mil lojas. Atualmente, 12% das ações da rede, controlada pela família Trajano, são do fundo de private equity Capital Group.
Hoje será inaugurada a segunda loja conceito da rede, na Marginal Tietê, zona norte de São Paulo. No endereço também funciona o novo escritório de negócios do Magazine Luiza, para onde foram transferidos todos os diretores e cerca de 300 funcionários que moravam em Franca (SP), cidade que ainda é oficialmente a sede da empresa. "Mas todas as decisões passam a ser tomadas aqui em São Paulo", diz a presidente da rede, Luiza Helena Trajano. Em Franca, ficaram áreas de apoio como recursos humanos, tecnologia e contabilidade. "Vamos criar lá uma central de telemarketing e relacionamento com o consumidor, com 400 postos de atendimento", diz Luiza.
Na nova loja, os consumidores terão espaço para interagir com os produtos, fazer degustações na cozinha experimental, saborear brigadeiro de colher da Padoca da Luiza, deixar as crianças na brinquedoteca, fazer cursos de culinária e inglês e até desfrutar os serviços de salão de beleza. Todas as atividades, gratuitas, poderão ser feitas em parceria com fornecedores.
Há uma semana, o Magazine Luiza foi surpreendido com uma ordem judicial de apreensão de 350 aparelhos de GPS da marca TomTom no seu centro de distribuição em Jundiaí (SP). A autora da ação é a E-motion, que afirma ser a importadora oficial do produto no país e da qual o Magazine era cliente. A E-motion denunciou que os aparelhos são reformados, contêm software pirata e eram vendidos muito abaixo do preço de mercado. O Magazine, que comprou os produtos da Worth Imports, sustenta que não existe qualquer irregularidade da sua parte. "Procuramos um outro fornecedor para garantir um preço melhor ao consumidor final", diz Frederico Trajano, diretor de vendas e marketing do Magazine. A empresa afirma investigar o caso.
Veículo: Valor Econômico