Supermercadista tenta conter alta de preços

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A elevação nos preços dos alimentos nos últimos meses exige esforços redobrados dos empresários supermercadistas de Minas

 

A robusta elevação nos preços dos alimentos nos últimos meses tem exigido esforços redobrados dos empresários supermercadistas do Estado. Para que o reajuste não chegue até o consumidor final, provocando uma queda no ritmo de consumo no mês mais aquecido do ano para o segmento, os executivos têm apostado na flexibilidade das negociações com fornecedores e na substituição de marcas de alguns produtos.

 

No mês passado, a alta dos alimentos foi de 1,82% na comparação com outubro. Em relação a novembro de 2009, a elevação chegou a 10,64%. Já no acumulado dos 11 meses do ano, o aumento foi de 9,68%, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na última semana pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), ligado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

A maior expansão apontada pelo estudo, de 3,28% em novembro frente a outubro, foi registrada no item "alimentos de elaboração primária", composto por produtos como carne, leite, feijão e açúcar. O segundo maior crescimento, de 2,8% na mesma base de comparação, foi apresentado pelo indicador "alimentação em restaurante".

 

A carne bovina, com expressivas altas de 15,80% no preço da alcatra, 14,79% para o contrafilé e 14,59% para a chã de dentro, foi a principal responsável pela elevação de 4,01% no preço da cesta básica apurada em Belo Horizonte, que corresponde a R$ 250,76.

 

Diante dos sucessivos e robustos aumentos, o setor supermercadista mineiro intensificou as negociações com fornecedores para que os valores não fossem percebidos na ponta da cadeia de consumo.

 

"A estratégia é dialogar ainda mais com as empresas com as quais temos relações sólidas de comercialização. Assim, conseguimos manter estáveis os preços de diversas mercadorias. Em alguns casos, em que a flexibilização dos custos não foi possível, optamos por trocar de fornecedores, dando preferência àqueles que nos ofereceram melhores condições", explicou o proprietário da rede de supermercados Coelho Diniz, sediada em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, Ercílio Diniz Filho.

 

Outra opção encontrada foi a diversificação do mix de produtos, conforme informou o diretor de marketing do grupo Bahamas, com sede em Juiz de Fora (Zona da Mata), Nelson Junior. "Passamos a oferecer diversas linhas de mercadorias do mesmo segmento, com preços variados, abrindo o leque de opções para o consumidor", disse.

 

No entanto, as altas expressivas não devem ser vistas como um fator de preocupação e não comprometerão o crescimento de 25% esperado para o fim deste exercício, segundo Diniz Filho. "O aumento é uma conseqüência da sazonalidade e da maior demanda. A tendência é que os preços baixem gradativamente. No caso do feijão e da carne, por exemplo, isso já vem acontecendo", argumentou.

 

A Associação Mineira de Supermercados (Amis) também atribui a elevação dos preços ao período de entressafra. A entidade prevê que o custo dos itens mais supervalorizados deve baixar significativamente nos próximos 30 a 40 dias. Para o próximo mês, período em que os custos ainda estarão elevados, a associação recomenda que os empresários mantenham as negociações com os fornecedores.

 

Além da negociação com fornecedores, troca de marcas é outra alternativa
Mão de obra - A escassez de mão de obra no setor, que resulta no aumento de salários oferecidos aos funcionários das empresas, também tem pesado mais no orçamento do segmento. Mais uma vez, as companhias optam por criar soluções internas ao invés de repassar os reajustes ao consumidor final.

 

"Em um segmento tão competitivo, com margens de lucro achatadas, aquele que não proporciona preços mais acessíveis certamente perderá mercado. Portanto, não são medidos esforços para que as elevações não sejam sentidas pelos consumidores. A nossa estratégia para recrutar profissionais de qualidade é oferecer melhores condições de trabalho, compensações, benefícios e plano de carreira", salientou Diniz Filho.

 

Apesar das condições adversas, o setor supermercadista mineiro registrará expansão significativa em 2010 na comparação com o ano anterior. O aumento do emprego e da renda reaqueceu e alavancou os negócios do segmento. Conforme estimativa da Amis, a expectativa é de crescimento de 8% até o fim de dezembro. Apenas no último mês do ano devem ser movimentados R$ 17,16 bilhões, o que representa um incremento de 30% em relação aos meses normais, segundo dados da Amis.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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