As dez maiores redes varejistas instaladas no Brasil crescem em termos de faturamento a um ritmo superior ao do setor como um todo. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), enquanto a receita consolidada do setor avançou 7% no ano passado, as líderes acumularam expansão real das vendas, descontada a inflação do INPC, de 14% sobre o ano de 2008. O ranking das principais varejistas elaborado pelo Ibevar é liderado pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA), seguido de Carrefour, Walmart, Lojas Americanas, Máquina de Vendas, Makro, Magazine Luiza, Pernambucanas, GBarbosa e Lojas Renner.
Considerando apenas os cinco maiores grupos de varejo (Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart, Lojas Americanas e Máquinas de Vendas), o crescimento real avançou 12,5% no ano passado sobre 2008. Em termos nominais, isso representou faturamento de R$ 94,6 bilhões. "Os dados demonstram aumento da concentração das vendas do varejo em grandes grupos. A necessidade de redução dos custos operacionais deverá provocar a manutenção desse processo de concentração daqui para a frente, estimulado pelas fusões e associações", disse o presidente do Ibevar, Claudio Felisoni.
Embora não descarte aquisições, o Pão de Açúcar tem sido enfático ao afirmar que irá priorizar expansão orgânica e captura de sinergias com Casas Bahia no próximo ano.
Para continuar avançando no ramo de alimentação no País, o Pão de Açúcar, por exemplo, deve abrir de 60 a 100 lojas no formato Extra Fácil a partir do próximo ano. Também na lista de prioridades do grupo, a rede de atacado e varejo (atacarejo) Assaí deve avançar para centro-oeste e nordeste.
Segundo Felisoni, o acirramento da competitividade, beneficiado pelo avanço do comércio eletrônico -que permite ao consumidor fazer a comparação de preços praticados pelos diversos varejistas na internet- está alterando os processos de venda. "Ninguém mais compra sem pesquisar antes. O consumidor está priorizando preços, e as empresas mais eficientes em termos de distribuição e escala vão crescer mais", afirmou. O presidente do Ibevar afirma que os investimentos do varejo ainda estão aquém do necessário para comportar a expansão das vendas.
O levantamento, que analisou um conjunto de 80 varejistas -de supermercados e lojas de eletrodomésticos ao varejo farmacêutico, material de construção e livrarias-, também comparou a produtividade em termos de faturamento em relação à mão de obra e por pontos-de-venda.
Na pesquisa, a eficiência da mão de obra das dez maiores redes é 50% superior à do grupo das dez menores consultadas no levantamento. No quesito de produtividade por número de lojas, as maiores varejistas têm uma eficiência quase três vezes superior.
Conforme afirma Felisoni, as vendas do varejo vêm sendo estimuladas pelo crescimento da distribuição e da renda, assim como das condições de crédito. De acordo com ele, as recentes medidas do Banco Central para reduzir a oferta de crédito não devem impedir a alta de 10% das vendas reais do varejo neste Natal. "O consumidor é mais sensível à queda da renda, já que o crédito ainda é caro no Brasil", disse. Ele ressaltou que, entre 2004 e 2009, mais de 30 milhões de pessoas migraram das classes D e E para a C - faixa que concentra renda de 4 a 10 salários mínimos.
Outra tendência apontada pelos profissionais envolve a entrada mais agressiva de representantes internacionais no varejo doméstico. "Veremos um aumento da entrada de gente de fora no varejo brasileiro: players internacionais viram uma oportunidade de crescimento nos países emergentes, e o Brasil é destaque nesse sentido, se mostrando como grande alvo de redes internacionais de varejo", diz o sócio da consultoria GS&MD, Luiz Góes.
Pesquisa
Um indicador interessante é o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra o crescimento de 0,4% em outubro, na comparação com setembro, e de 8,8% ante o mesmo período de 2009. Foi o sexto mês consecutivo de alta no varejo.
No ano (de janeiro a outubro), o volume de vendas registra ganhos de 11,1%, e no acumulado em 12 meses, elevação de 10,7%.
Na comparação com setembro, cinco das dez atividades pesquisadas tiveram alta, com destaque para o crescimento de 4,7% do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria.
Veículo: DCI