Com o consumo em alta, a indústria de embalagens enfrenta problemas no abastecimento do insumo papel-cartão. Empresas como a Ibratec, fabricante de embalagens, conta que estendeu de 15 para 45 dias o prazo de entrega, por dificuldade no fornecimento do produto. Mas a Suzano Papel e Celulose, uma das principais produtoras de papel-cartão do País, diz que a situação está próxima à normalidade. Segundo o diretor Executivo da Unidade de Papel da Suzano, Carlos Aníbal, as empresas devem fazer um planejamento da previsão de consumo junto aos fornecedores, para evitar o aumento dos prazos de entrega e viabilizar a produção.
De acordo com o executivo da Suzano, não houve falta de papel-cartão no mercado: o que aconteceu foi uma recuperação da demanda do insumo, quando as fabricantes vinham do período da crise com estoques reduzidos do produto. Para atender a demanda, os prazos de entrega se alongaram para até 45 dias. Segundo Aníbal, uma medida adotada para atender ao crescimento no consumo doméstico foi a queda das exportações. "No acumulado de janeiro a outubro, as exportações caíram cerca de 15% em comparação às de igual período do ano passado" explica.
Aníbal afirma que a indústria de papel no País tem capacidade suficiente para atender ao mercado doméstico, que, segundo ele, cresceu mais de 20% até outubro deste ano. O executivo confirma que apesar de não ter faltado papel, o setor passou por prazos mais dilatados de entrega do insumo por baixo nível de estoques, já que na ponta da cadeia a indústria do consumo não foi afetada pela crise e continuou em ritmo acelerado.
As vendas de papel-cartão da companhia no mercado interno atingiram 43,5 mil toneladas no terceiro trimestre deste ano, crescimento de 5,1% em relação ao segundo trimestre e de 15,9% em comparação a igual período de 2009. Os preços do papel-cartão apresentaram aumento de 4,4% em relação ao segundo trimestre deste ano e elevação de 10,6% ante o terceiro trimestre do ano passado.
A Ibratec crê que no próximo trimestre a demanda por embalagens continuará aquecida, já que as empresas devem fazer reposição dos seus estoques. A preocupação do presidente da empresa, Walter Taurisano, que atende grandes empresas, como Sadia, é quanto aos prazos de entrega dos insumos para a fabricação das embalagens. "Tivemos dificuldade no abastecimento do papel-cartão desde o segundo trimestre do ano até agora. Para cumprir nossos contratos, tivemos de ampliar os prazos de entrega para nossos clientes, passando de 15 para 40 dias", afirma Taurisano.
Segundo ele, o mercado de embalagens, principalmente em papel-cartão, que representa a maior fatia de produtos básicos de consumo, cresce a taxas superiores a 10%. Para atender este volume, Taurisano vai ampliar no próximo ano a capacidade de sua empresa em 50% com a construção de uma nova planta também em São Paulo, com investimentos da ordem de R$ 15 milhões.
Hoje a empresa produz cerca de 2,5 mil toneladas de embalagens mensais, sendo 50% direcionados para a indústria de alimentos, seguida de 45% para o setor de higiene, e o restante, para cosméticos e outros segmentos. De acordo com o presidente da Ibratec, a empresa vai fechar o ano com crescimento de 30% sobre o ano de 2009, com faturamento de R$ 135 milhões.
Cliente da Ibratec, a fabricante de panetones e chocolates Ofner afirma que, em plena produção de panetones para o Natal, também enfrentou problemas com o fornecimento das embalagens. "Tivemos de fazer pedidos de embalagens com sete meses de antecedência, para garantir a produção de nossos panetones", afirma o diretor Comercial da Ofner, Laury Roman.
De acordo com Roman, a embalagem representa de 5% a 30% do valor do produto. A produção estimada pela empresa para o Natal é de 350 toneladas de panetone artesanal, crescimento de 10% em relação à produção de 2009. O negócio representa cerca de 18% do faturamento da Ofner.
Para o gerente de Estudos Econômicos da Pöyry Tecnologia, Manoel Rodrigues Neves, alguns distribuidores de papel- -cartão tiveram problemas com o abastecimento de cartões no mercado doméstico a partir de junho deste ano, mas a situação já se normalizou no final do mês passado.
"As principais razões para este problema foram: o aumento da demanda este ano no mercado interno em geral e, principalmente a antecipação das compras de cartão para embalagens, prevendo o aumento das vendas no final do ano", explica Neves, e acrescenta que o mercado de cartões para diversas embalagens é sazonal. "Segmentos como alimentos, eletroeletrônicos e outros, prevendo a forte demanda do fim do ano, anteciparam e aumentaram os pedidos de compra, provocando esta situação de anomalia nos meses de junho a novembro" afirma.
Atração
Atenta ao crescimento no consumo de papel-cartão no País, que movimenta o mercado de embalagem local, a International Paper (IP), maior fabricante global de papéis e embalagens, pretende entrar no segmento no País. Segundo o presidente da IP Brasil, Jean-Michel Ribieras, a companhia fez estudos de mercado e procura uma oportunidade para iniciar a operação, que pode se dar por uma joint venture ou ainda fruto de aquisição de uma fábrica em atividade, conforme revelou ao DCI, em reportagem recente.
Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), até outubro, o crescimento da produção de papel-cartão foi de 9,8% e as vendas domésticas do produto subiram 22% em comparação com as de igual período do ano passado. Com produção em média de 9,4 milhões de toneladas por ano, o Brasil ocupa o nono lugar dentre produtores de papel no mundo; um ano atrás estava em décimo segundo. Na avaliação do Grupo de Valorização da Embalagem de Papelcartão, formado por profissionais da Bracelpa e da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf-SP), a embalagem de papel-cartão tem se consolidado nas indústrias (alimentícia, farmacêutica, de cosméticos, higiene pessoal e limpeza) como a melhor opção para os negócios e para o meio ambiente.
Com o consumo em alta, a indústria de embalagens enfrenta problemas no abastecimento de papel-cartão. Empresas fizeram como a Ibratec, fabricante de embalagens que estendeu de 15 para 45 dias o prazo para entrega, por dificuldade no fornecimento de embalagens com papel-cartão. A Suzano Papel e Celulose, uma das principais empresas do segmento no País, diz que a situação está próxima à normalidade. Segundo o diretor executivo da área de papel da Suzano, Carlos Aníbal, não houve falta de papel-cartão no mercado: "O que aconteceu foi uma recuperação da demanda do insumo, quando as fabricantes vinham do período da crise com estoques reduzidos", disse. Para atender a demanda, os prazos de entrega se alongaram para até 45 dias. A outra fornecedora é a Klabin.
O presidente da Ibratec, Walter Taurisano, que atende empresas como a Sadia, também alongou os prazos. "Tivemos dificuldade no abastecimento de embalagens desde o segundo trimestre até agora. Para cumprir contratos, tivemos de ampliar os prazos de entrega das embalagens", diz Taurisano.
Veículo: DCI