Mesmo com a previsão de aumento da safra 2010/2011 de trigo no Brasil e na Argentina, o preço do cereal deve se manter em alta no próximo ano. Dado principalmente a redução de colheita da Rússia e da Austrália por conta do clima. A previsão é da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que afirmou ainda que a qualidade do cereal brasileiro melhorou significativamente nesta última safra. Em 2011, a entidade pretende lançar uma campanha com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para ampliar o consumo do trigo pelo brasileiro.
De junho a novembro deste ano, os preços do trigo na Argentina, que é o principal exportador do Brasil, acumularam altas de 25%. Nos Estados Unidos, os números são ainda mais elevados. No mesmo período os preços aumentaram 47%. Segundo Sérgio Amaral, presidente da Abitrigo, esse cenário gera certa preocupação para o começo do ano que vem. "Isso deve provocar uma alta nos preços da farinha no inicio de 2001. E isso preocupa um pouco, pois essa alta será repassada ao consumidor. Entretanto, como a safra de Brasil e Argentina tendem a ser maiores, o aumento poderá ser compensado", declarou o presidente.
Para ele a suspensão dos embarques do cereal da Rússia e da Austrália, que sofrem com problemas climáticos em suas safras, pode manter a volatilidade dos preços em 2011. "Os valores do trigo e de outras commodities oscilaram bastante nesse ano e isso deve continuar em 2011, por conta dos crescentes investimentos do mercado financeiro internacional em grãos. O caso da Rússia e da Austrália ainda pioram um pouco essa situação", contou.
No Brasil, a safra esperada é de 5,6 milhões de toneladas, contra os 5,02 milhões de 2009, aumento de 11,5%. Apesar do crescimento na produção a área plantada recuou 11,6% este ano fechando com 2,146 mil hectares, ante os 2,428 mil da safra anterior. Amaral afirmou que a qualidade do trigo brasileiro colhido melhorou bastante, o que deve aumentar a utilização do produto no mercado interno. "Existe uma convergência na cadeia do trigo quanto à necessidade de um esforço para melhoria da qualidade do cereal. Em 2011 vemos a chance de absorver grande parte da nossa produção de trigo, pois há boas indicações que o trigo será de boa qualidade", garantiu ele.
Amaral afirmou que mesmo aumentando a sua produção, o Brasil não deixará de importar trigo. Neste ano, de janeiro a novembro, foram importadas 5,5 milhões de toneladas do grão para atender a demanda anual do País, que gira em torno de 10 milhões de toneladas. "O Brasil importa seis milhões de toneladas em média por ano. Em dezembro teremos ainda algum volume oriundo da Argentina."
Nos planos para 2011, a entidade pretende continuar o entrosamento da cadeia produtiva de trigo, aliando os produtores e os moinhos, para incentivar a melhoria da qualidade do grão e manter os programas para ampliação do consumo do grão em todo o Brasil.
Amaral pretende lançar uma campanha destacando o poder nutritivo do cereal, e como ele é indispensável na alimentação da população. Para tanto, a entidade deve concluir a pesquisa sobre os programas nutricionais de outros países, como Cuba e Equador, e formular uma campanha para ser apresentada ao Ministério da Agricultura brasileiro no início do ano que vem. "Nos primeiros meses de 2011, vamos levar uma proposta ao ministério sobre o programa de nutrição para certos segmentos da população. Pode ser as crianças nas escolas, ou pode ser a nutrição para idosos. Vamos propor ao governo certas alternativas para criação de um programa nutricional que deve incluir derivados do trigo", frisou.
Veículo: DCI