Última abertura de capital do ano provocou grande euforia no mercado, com a demanda superando a oferta de ações em pelo menos seis vezes, segundo fontes; preço da ação saiu a R$ 24, o topo da faixa indicativa estabelecida pela empresa
Com uma forte demanda, a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Droga Raia movimentou até R$ 654,697 milhões. O preço por ação foi definido em R$ 24, no teto da faixa indicativa - que variava de R$ 19 a R$ 24 por ação.
A última abertura de capital do ano provocou grande euforia no mercado. Até ontem, a procura pelos papéis da companhia já superava a oferta em seis vezes, conforme apurou a Agência Estado. Na semana passada, apenas os pedidos de investidores institucionais locais, como fundos de investimento e de pensão, já garantiam a operação.
A Raia é a quinta maior rede de drogarias do País em faturamento e a terceira em número de lojas, de acordo com ranking da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). O principal chamariz para o IPO foi o desconto relativo dos papéis na comparação com os da concorrente Drogasil, já listada em bolsa. Pelos cálculos de uma fonte, os papéis da Raia estreariam na bolsa valendo até 30% menos que os da concorrente. O desempenho recente de Drogasil no mercado, com alta acumulada de quase 8% no mês, só aumentou a atratividade do IPO.
Um gestor de fundos pondera que o potencial de valorização dos papéis da Raia na bolsa e a redução do desconto em relação à Drogasil dependerá da capacidade da companhia de executar de forma bem sucedida a estratégia de abertura de novas lojas, pondera. A empresa destinará 55% dos recursos captados no IPO para expansão da rede. A seu favor, a companhia conta com as perspectivas de crescimento econômico e da renda das classes C e D, além da tendência de envelhecimento da população, que deve aumentar a demanda por medicamentos nos próximos anos.
A oferta da Raia era de inicialmente 23,7 milhões de ações. Além do lote principal, foram registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 3,558 milhões de papéis do lote suplementar, que se não for exercido em até 30 dias reduzirá o valor do IPO para R$ 569,302 milhões. Já o lote adicional, colocado quando há excesso de demanda, não foi registrado, um indício de que a demanda pelas ações estaria mais concentrada nas faixas mais baixas de preço, segundo uma fonte de mercado.
Tentativa. A rede de drogarias já havia tentado abrir o capital em 2008, mas acabou adiando os planos em meio ao agravamento da crise financeira. No mesmo ano, recebeu um aporte de capital da Gávea Investimentos e da Pragma Patrimônio por uma participação de 30% na companhia. O fundo da Gávea e membros da família Pipponzi, que controlam a Raia, venderão parte das ações que possuem no IPO e devem embolsar R$ 142 milhões.
Com a captação da Raia, as ofertas de ações no mercado brasileiro este ano atingem R$ 150,3 bilhões, puxadas pela megacapitalização de R$ 120 bilhões da Petrobrás. Considerando apenas as aberturas de capital, foram R$ 11,9 bilhões captados em 11 operações, ainda segundo a CVM.
A estreia das ações da Droga Raia está prevista para segunda-feira, sob o código "RAIA3". O coordenador líder do IPO é o Itaú BBA. O banco atua na operação ao lado do Credit Suisse e do BB Banco de Investimento.
Veículo: O Estado de S.Paulo