Variedade eva adaptou-se ao clima mais quente e tem ainda a vantagem de ser colhida na entressafra dos pomares do Sul
Maçã madura, no auge do sabor, direto da árvore para a mesa. É com essa estratégia que os pomicultores de Paranapanema, sudoeste do Estado, querem ser competitivos e conquistar o consumidor paulista. Eles retomaram a produção de maçãs com novas variedades e esperam reinserir a região no mapa da fruta no Brasil.
Benevenutto destaca que preços têm compensado: entre R$30 e R$40 a caixa de 18 quilos. Além disso, as maçãs não ficam em câmaras frias e são consumidas poucos dias após colhidas
Nos últimos cinco anos, a área coberta com macieiras passou de 10 para 50 hectares. Com a colheita quase encerrada, a produção este ano chegou a 55 mil caixas de 18 quilos. "Vamos dobrar a produção, pois os pomares ainda são novos", diz o gerente comercial da Cooperativa Holambra, Edivaldo Benevenutto. Ele explica que Paranapanema já foi grande produtor de maçã nos anos 1970, quando chegou a ter 100 hectares cultivados. As variedades, no entanto, eram colhidas junto com a safra de Santa Catarina, a maior do País e os pomicultores paulistas não tinham condições de concorrer em preço e qualidade com os do Sul.
Polo fruticultor. Com o uso de câmaras frias para prolongar a vida útil do fruto, eles passaram a dominar o mercado. Os pomares de maçã de Paranapanema foram substituídos pelos de frutas de caroço. A região se tornou um dos principais polos de produção de ameixa, pêssego e nectarina do Estado.
A volta da maçã, conta Benevenutto, começou quando os produtores decidiram experimentar variedades precoces, desenvolvidas pelos institutos governamentais de pesquisa. A maçã da variedade eva foi a que mais bem se adaptou ao clima temperado da região. "Para frutificar ela não precisa de tanto frio como as variedades gala e fuji, muito cultivadas no Sul", explica o gerente. Com formato cilíndrico e coloração vermelha e amarela, como as concorrentes, a eva tem acidez mais acentuada, o que, na fruta madura, realça o sabor.
A grande vantagem é a precocidade na colheita. Com o manejo correto, a fruta pode ser colhida, madura, do fim de agosto até meados de janeiro, com o pico da safra entre novembro e dezembro - o grande período de consumo. É o período em que a produção do Sul está na entressafra. Com isso, os preços se mantêm atrativos. "Mesmo não tendo colhido uma safra de frutos grandes, por causa das condições climáticas, trabalhamos numa faixa entre R$ 30 e R$ 40 a caixa", diz Benevenutto. Alguns produtores obtiveram média próxima de R$ 50. Ele acredita que a região tem estrutura para dobrar a área plantada em alguns anos.
Fruta fresca. O pomicultor Alberto Nascimento, com 8 mil pés em produção, conduz as plantas para ter colheita em grande parte do segundo semestre, além dos primeiros dias de janeiro. A fruta é colhida manualmente, passa pelo processo de seleção, é embalada e segue para o mercado.
A câmara fria da propriedade, com capacidade para 60 toneladas, quase não é utilizada. "Nossa maçã é colhida num dia e no outro já está na feira, por isso tem cheiro e sabor de fruta fresca." Tanto a maçã do sul como a importada, segundo ele, ficam armazenadas por longos períodos. "Muitos produtores do Sul colhem no começo do ano para vender apenas nos últimos meses. Tem fruta que fica com cheiro de mofo."
Nascimento é um dos produtores que investem no aumento da área cultivada. Ele tem 6 mil macieiras em formação. Como os pomares são novos, o volume de produção chega a crescer 30% por ano. O produtor faz parte do grupo de pioneiros e, na década de 1980, ainda tinha pomares de variedades próprias para o frio. "Fui vencido pela produção do Sul", disse, lembrando ter erradicado o antigo pomar em 1985.
Agora, a pomicultura inicia uma fase duradoura. "Estamos estruturados para trabalhar por um longo período."
A macieira produz comercialmente por 20 anos. Além da estrutura da cooperativa para comercialização, incluindo as câmaras frias, os produtores têm packing house próprio. O pomicultor Paulo Huber adquiriu uma moderna máquina para seleção, classificação e empacotamento. Além da produção própria, ele presta serviços para outros produtores. O equipamento escova as frutas e as separa conforme o tamanho. Frutas com defeito são retiradas manualmente. As maçãs são dispostas em bandejas e vão para caixas de papelão, seguindo para os centros consumidores.
TIRE SUAS DÚVIDAS
Variedade eva exige pouco frio
1.Quais são as características da variedade eva?
A maçã eva tem baixa exigência em frio e desenvolve-se bem em regiões com altitude a partir de 600 metros.
2.Onde encontrar mudas?
No viveiro Jardim Botânico, em Curitiba (PR), tel. (0--41) 3356-2144, a muda custa de R$ 6 a R$ 10. Na Cati de São Bento do Sapucaí (SP), tel. (0--12) 3971-1306, a muda da maçã condessa, também para regiões mais quentes, custa R$ 12.
3.Como é o plantio?
A muda com raiz nua (pronta para ir para cova) deve ser plantada em até dois dias. A muda plantada (raiz no torrão) pode ser plantada em 30 dias ou mais.
Veículo: O Estado de S.Paulo