Com as fortes chuvas que devastaram as fabricantes de lingerie em Nova Friburgo, região serrana do Rio, parte da produção deve migrar para o Ceará, outro polo de moda íntima do país, e para São Paulo. A expectativa é que a demanda na indústria cearense aumente entre 18% e 20% neste semestre, segundo a Associação de Moda Íntima do Ceará (Amic). Antes da tragédia no município carioca, a previsão era de um crescimento de 10% a 15% em relação ao ano passado.
"Estamos retornando do recesso hoje [ontem] e já estamos sentindo maior procura dos varejistas", disse Gonçalo Diogo, dono da Di Modas Essencial e presidente da Amic, ambas em Fortaleza.
O Estado do Ceará conta com cerca de 2 mil fabricantes de lingerie, responsáveis por uma produção anual de 60 milhões de peças. A indústria nacional de moda íntima produz em média 800 milhões de peças por ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Nova Friburgo responde entre 22% e 25% desse total.
A Riachuelo, uma das maiores varejistas de roupa do país, trabalha com cinco fornecedores de Nova Friburgo. Dois deles foram fortemente afetados, Triumph e Jescri, e estão com a produção paralisada. "Mas o volume deles previsto para janeiro era pouco significativo e até agora não sentimos falta de produto na loja", diz Ana Paula Lopes, gerente de produto da Riachuelo. De qualquer forma, a varejista consultou fornecedores em São Paulo para saber se é possível antecipar os pedidos de fevereiro, se for necessário.
A TriFil, que possui fábricas em São Paulo e na Bahia, ainda não percebeu uma demanda maior por parte do varejo, mas não descarta essa possibilidade. "Estamos em período de liquidações, por isso a procura não é tão grande. Mas no final de fevereiro, quando acontece a troca de coleção, há possibilidades de aumento nas encomendas", afirmou Cristina Lara, diretora de marketing da TriFil.
A DuLoren, empresa de moda íntima que trabalha com quatro fornecedores de Nova Friburgo, precisou buscar fabricantes de componentes para lingerie em São Paulo, uma vez que seus parceiros foram obrigados a interromper a produção.
Veículo: Valor Econômico