O polo calçadista de Nova Serrana, na região Centro-Oeste de Minas, se articula para enfrentar a concorrência dos importados, sobretudo asiáticos, que se beneficiam do baixo valor do dólar para retirar mercado dos produtos nacionais. A presença de produtos chineses já é encarada como uma realidade definitiva e não como uma situação pontual motivada pela questão cambial.
A estratégia a ser adotada pelo setor será a de acelerar o ciclo produtivo para que o lançamento e distribuição dos calçados sejam uma vantagem competitiva frente aos importados.
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG) está realizando, em parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão m Logística (Nipelog), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um diagnóstico das questões logísticas e produtivas das fábricas de calçados de Nova Serrana.
O analista do Sebrae-MG, Leonardo Mol, explicou que o objetivo é identificar os gargalos logísticos e implementar melhorias nos processos. "A ideia é criar uma moda rápida, com inovação atrás de inovação e distribuição ágil dos produtos. Se não dá para competir com os importados no preço, é preciso ser melhor no design dos produtos e fazer com que eles cheguem mais rápido aos clientes".
Segundo Mol, atualmente o trabalho está na fase de entrevista com os fabricantes e a expectativa é que o diagnóstico esteja pronto até o fim do próximo mês. Essa primeira etapa demandou cerca de R$ 100 mil, mas a partir do diagnóstico devem ser feitos novos investimentos. "Com o resultado em mãos vamos saber onde é preciso investir e qual deverá ser o montante de recursos", disse.
A estratégia dos calçadistas de Nova Serrana é a de acelerar o ciclo produtivo
Logística - Ele explica que problemas de logística podem gerar perdas significativas no faturamento e que a solução não se resume a melhorar as questões de transporte para escoamento da produção.
"Esse é apenas um dos pontos. Logística envolve desde a compra de matéria-prima, passando pela armazenagem, produção até o envio para o consumidor final. A proposta é agilizar todas essas etapas para aumentar não apenas o faturamento dos produtores como a competitividade dos produtos".
O impacto dos artigos chineses no setor, segundo Mol, é difícil de ser medido. Para ele, a informalidade das negociações torna complicado o trabalho de mapeamento desses produtos. " uma questão complicada. Mesmo o governo taxando importação de calçados, a matéria-prima vem da China e o produto acaba sendo montado aqui".
Em Nova Serrana, o Sebrae-MG atua em parceria com o Sindicato Intermunicipal da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindinova) e com o governo de Minas desde 2007 para ampliar a participação do polo calçadista no mercado nacional e internacional.
Atualmente, o polo calçadista de Nova Serrana produz cerca de 450 mil pares por dia. A expectativa é que com a nova dinâmica de trabalho a ser implementada a produção possa crescer até 50%.
Veículo: Diário do Comércio - MG