Estrangeiras da moda se expandem pelo País

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Atraídas pelo mercado consumidor emergente, companhias que comercializam vestuário nos Estados Unidos e na Europa têm investido na expansão da sua marca Brasil afora. No segundo semestre de 2010, as norte-americanas Original Penguin e Ecko abriram, através de companhias nacionais, uma loja própria e sete franquias no País; em setembro, a grife britânca Topshop anunciou a criação de duas unidades próprias em 2011, na cidade de São Paulo; já a francesa Louis Vuitton, presente em três estados, confirmou que vai abrir uma nova loja em 2012, no Rio de Janeiro.

 

"Hoje todas as marcas internacionais, não só as de moda, querem vir para cá", afirmou o diretor da Original Penguin no País, Nabil Khaznadar. "O Brasil é a bola da vez", acrescentou. A representante comercial NK30, cuja direção também é feita por Khaznadar, investiu cerca de R$ 800 mil na abertura de uma loja da marca em dezembro passado, no paulistano Shopping Morumbi. Outros R$ 500 mil, aproximadamente, foram investidos em marketing ao longo do último ano e meio, enquanto as roupas já eram vendidas para comércios de multimarcas.

 

Em abril, outra loja da Original Penguin deverá ser aberta no Shopping Iguatemi, em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo. Além disso, a NK30 passará a trabalhar com o sistema de franchising, visando à instalação inicial de 25 franquias da marca norte-americana.

 

"Os EUA entendem que o mercado de consumo brasileiro é excelente", afirmou o vice-presidente da The Brand's Company (TBC), que detém os direitos da marcaEcko no País, Francisco Robles. A partir da segunda metade de 2010, a companhia nacional passou a estimular a abertura de franquias da empresa estrangeira no Brasil. Atualmente, há sete delas, seis das quais estão localizadas no Estado de São Paulo, e uma, no Espírito Santo.

 

"Partindo do zero, o crescimento foi espetacular ao longo dos últimos cinco anos", declarou Robles. Desde 2005, produtos da Ecko são vendidos para lojas de multimarcas que formam um contigente de 800 clientes, corroborando com um crescimento que, de acordo com o empresário, é superior a 20% ao ano. A meta para 2011, seguindo essa projeção, é obter um faturamento próximo de R$ 70 milhões.

 

Luxuosidade

 

A grife Louis Vuitton confirmou para 2012 a abertura da sua sétima loja no País, que ficará no Rio de Janeiro, onde atualmente já funciona um estabelecimento da empresa. Presente há 22 anos no Brasil, a marca francesa também mantém quatro lojas em São Paulo e uma em Brasília. No mundo, são 458 as suas lojas próprias.

 

Há quatro meses, a grife britânica Topshop, que trabalha com conceitos de fast-fashion (produção rápida e continuada de lançamentos), anunciou a abertura de duas lojas no Brasil. A primeira unidade, voltada para o público em geral, deverá ser aberta em um dos shoppings do grupo paulista Iguatemi ainda neste semestre. A outra loja, destinada ao consumo do público masculino, está prevista para a segunda metade do ano.

 

"Empresas que miram no público AAA querem vender em pequenas quantidades e a altíssimos preços. É um comércio bem focado", afirmou o economista Nelson Barrizzelli, da Universidade de São Paulo (USP). Ele reforçou que essas companhias, vindas de outros países, não pretendem atingir o consumidor brasileiro da classe C, pois senão teriam de se espalhar pelo território nacional, com a criação de muitos pontos físicos, o que não lhes convém.

 

Pós-crise

 

Para Barrizzelli, a crise mundial iniciada no final de 2008, cujo fim ainda é incerto, é o motivo que levou companhias dos países desenvolvidos a investirem nos emergentes. "As empresas têm escapado para a China, a Índia e o Brasil, os três países que mais atraem capital no mundo. Isso não seria diferente com o segmento de vestuário", afirmou Barrizzelli.

 

O especialista ainda destacou que a Índia adota uma política protecionista, às vezes excessiva, o que favorece o Brasil nos rearranjos da economia global. "No caso do varejo, as marcas estrangeiras são muito conhecidas no País. Antes, as classes altas compravam roupas no exterior, mas agora elas já não precisam viajar [para obter esses produtos]", explicou o economista, que é especializado em perfil de consumidor.

 

Barrizzelli também comentou sobre a concentração de empresas internacionais na Região Sudeste do Brasil. "O fato de São Paulo atrair mais investimentos é natural. Quem vem do exterior investe em São Paulo ou no Rio de Janeiro, os dois mercados mais notáveis do Brasil", disse ele.

 

Mercado ascendente

 

As empresas estrangeiras de moda que se expandem pelo Brasil estão apostando em um mercado de consumo que vive um período de plena expansão. Entre novembro de 2009 e o mesmo mês de 2010, as vendas do setor no varejo cresceram 10,7%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

 

Na balança comercial de vestuário, as importações apresentam um crescimento bastante expressivo nos últimos anos. Em 2010, foram importadas 68 mil toneladas de roupas, equivalentes a uma movimentação de US$ 1,3 bilhão. No ano anterior, foram trazidas para o País 49 mil toneladas (US$ 767 milhões). Se o ano que passou for comparado com o ano de 2003, por exemplo, quando o Brasil importava apenas US$ 100 milhões em vestuário, a evolução das importações atingiu 1.100% sobre a base de comparação. A principal origem dos produtos têxteis que os brasileiros consomem é a China, seguida pela Índia e, depois, pela Indonésia.

 

O consumo de roupas no País cresce à medida que a renda da população aumenta. A Abit estima que em 2014, com renda per capita calculada em pouco mais de R$ 18 mil, o brasileiro médio passará a consumir anualmente 19,8 quilos de produtos do tipo. O número é superior aos 12,4 quilos que foram consumidos em 2009, quando se ganhava, em média, R$ 14 mil por ano no Brasil.

 


Veículo: DCI


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