Comércio chega R$ 100 bi e inicia troca de estoques

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Após girar R$ 100 bi, comércio planeja aumentar promoções

 

Evitar compras de produtos com preço mais caro e prazos muito longos em razão dos juros: este deve ser o cenário entre os consumidores este ano, conforme os especialistas no ramo varejista paulista. Isso depois de o mercado aquecido e o bom desempenho da economia nacional terem mostrado resultados fortes no comércio varejista de São Paulo, com movimento de R$ 100 bilhões em 2010 - 5,4% a mais do que no ano anterior. Agora, porém, a expectativa - ainda que de bons resultados - orienta os empresários a terem cautela.

 

Os números, divulgados pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV e-Bit), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), mostraram que o brasileiro continuará comprando bem em 2011, mas com maior cuidado. Assim, grandes varejistas preparam seus estoques e melhoram os preços para 2011. "Poderá haver uma insegurança do consumidor quanto ao nível de inflação, o que costuma evitar o comprometimento financeiro a longo prazo, reduzindo o consumo de bens duráveis", detalhava o estudo da Fecomércio. A entidade aponta que apesar da retração da oferta de crédito e da queda da intenção de consumo resultante de medidas tomadas pelo governo para o controle da inflação, a economia brasileira mostrou crescimento amplo em 2011, embora mais modesto se comparado ao do ano passado. "Mais determinantes que as ações do governo são os dados do consumo, que apontam níveis altos de emprego e renda, que devem continuar bem."

 

Na rede varejista Ricardo Eletro, a expectativa de crescimento em 2011 continua ampla. De acordo com Marcelo Ribeiro, diretor de Comércio Eletrônico (e-commerce) do grupo, o meio virtual é também um grande catalisador de crescimento. "O segmento de e-commerce traz ao consumidor vantagens diferentes das lojas físicas, promoções e bons preços que movimentam o cliente, que fecha negócio", afirmou. Para a Fecomércio, eletrodomésticos e eletroeletrônicos foram os destaques em vendas em 2010, e o foco também foi o segmento virtual. "Os números divulgados refletem o bom momento do varejo e casam com a expectativa de crescimento da Ricardo Eletro", afirmou o executivo. A entidade apontou que eletrônicos e eletrodomésticos tiveram aumento de 29,3%, enquanto o meio virtual cresceu 25,4%.

 

Ano de ouro

 

Para o economista e professor da Universidade São Paulo (USP) Nelson Barrizzelli, o momento de euforia no comércio continua grande e, mesmo com as expectativas da Fecomércio, o acadêmico não diminui o otimismo para 2011. "Acredito que o ano continue tão forte quanto foi em 2010. O Brasil vive anos dourados para o consumo", afirmou. Puxadas pela classe C, o Barrizzelli acredita ainda que as compras a longo prazo continuarão em alta.

 

"É o efeito natural do varejo, se os juros estão altos, as redes começam a buscar alternativas para manter os clientes comprando. É a lei do negócio. Não acredito que possa haver uma redução significativa", afirmou o professor, que adiantou alternativas para o varejo. "Os saldões, feirões e superliquidações são fórmula antiga, que continua dando certo e limpando os estoques", diz.

 

Nessa onda, a Magazine Luiza já começou o período de promoções. No sábado (5) foi a vez do nordeste de receber o dia de promoções da varejista. Depois de comprar a tradicional nordestina Lojas Maia, o saldão movimentou em um dia o equivalente a vendas de duas semanas. "Para esta liquidação, nós negociamos dois mil itens extras com fornecedores", afirmou o gerente Regional de Vendas, João Simões.

 

A superpromoção que aconteceu nas 141 lojas do grupo, por 83 cidades no nordeste já é um sucesso. "Depois das medidas do governo, é preciso criar alternativas e atrair o consumidor", afirmou executivo, que continuou: "Nós fomos os primeiros a começar com esse tipo de saldão regional, e é um sucesso", disse.

 

A atividade varejista cresceu 9,8% em janeiro de 2011 frente ao mesmo mês do ano passado. Este resultado ficou abaixo dos 11%, de acordo com dados de pesquisa da Serasa Experian divulgada na última semana. Para o professor do Centro de Excelência em Varejo da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas) Maurício Morgado, a perspectiva é que o varejo continue crescendo, mas a um ritmo menos acelerado.

 

"O varejo continuará crescendo, embora em um ritmo menor. O resultado ficará na casa de um dígito. Entre os setores, os que mais contribuirão para essa alta serão os ligados a imóveis, como material de construção, eletrodomésticos, móveis e decoração", destaca o professor.

 

Novidade no comércio eletrônico, o leilão do centavo já vem ganhando espaço nas grandes redes varejistas. O primeiro a aderir foi o Grupo Pão de Açúcar (GPA), que firmou parceria com o site de leilões Lance-a-lot.

 

"Essa parceria com o Grupo Pão de Açúcar certamente será garantia de credibilidade. Além de outros benefícios, eles irão nos fornecer grande parte dos produtos que serão leiloados no site Lance-a-lot. Com isso, teremos como um dos diferenciais a possibilidade de oferecer frete grátis de qualquer produto para todo o Brasil, algo que os sites atuais não conseguem fazer", afirmou e Marcelo Kovalski, sócio do portal.

 

Além do GPA, Kovalski espera leiloar um apartamento na Granja Viana (SP) nos próximos meses. "Estamos fechando novas parcerias, mas a expectativa é leiloar um apartamento quando chegarmos a 200 mil usuários", afirmou.

 

O leilão do centavo funciona através de usuários cadastrados no site que compram um determinado número de lances para aquisição principalmente de equipamentos eletrônicos.

 


Veículo: DCI


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