Produtores de frutas vão à principal feira do setor nesta semana -a Fruit Logistica, na Alemanha- para abrir novas frentes no mercado externo. O objetivo é reduzir a dependência da Europa, que responde por 77% dos embarques de frutas frescas.
Considerando os principais itens da pauta exportadora brasileira -melão, limão tahiti e maçã-, a dependência é ainda maior: 98% das exportações têm países europeus como destino.
Segundo Maurício Ferraz, gerente-executivo do Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas), essa concentração prejudicou o setor em 2010.
A retomada mais lenta dos países importadores após a crise internacional resultou em queda de 2,7% no volume exportado pelo Brasil, para 759 mil toneladas. Por isso, o setor busca diversificar, e países como China, Malásia e Indonésia estão no radar.
Hoje, barreiras fitossanitárias impedem as exportações para a China, maior produtor mundial, com 179 milhões de toneladas de frutas. A produção brasileira -a terceira maior do mundo- é de 41 milhões de toneladas.
Mas as barreiras não intimidam o Ibraf. Para Ferraz, os chineses não terão condições de aumentar a produção na mesma velocidade do crescimento da população urbana nos próximos anos, o que pode abrir o mercado.
No caso do Brasil, a distância dificulta. O alto custo do frete e o tempo curto de prateleira limitam as variedades que podem ser exportadas para a Ásia. A saída, segundo Ferraz, é agregar valor.
Polpas, frutas desidratadas e até frutas frescas prontas para o consumo, em embalagens especiais, certificadas e transportadas em aviões, podem ser exportadas para a Ásia, segundo ele.
A promoção da fruta brasileira como um produto de alto valor agregado -baseada no tripé sabor, praticidade e apelo à saúde- evitou que a queda no volume embarcado em 2010 resultasse também em queda de receita.
Pelo contrário, o valor obtido com as exportações de frutas subiu 9%, atingindo US$ 610 milhões. Para este ano, o Ibraf estima avanço de 5% para volume e receita.
Veículo: Folha de S.Paulo