9,5 bilhões é a expectativa do mercado financeiro para o saldo da balança comercial em 2011.
Entre os setores mais afetados pelas concorrência asiática estão calçados, têxteis e eletroeletrônicos. Durante evento em São Paulo, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – que reuniu o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, e grandes empresários brasileiros para discutir a inovação na indústria brasileira – o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, admitiu que o governo federal adotará práticas de defesa comercial.
"Não é protecionismo, é defesa do setor produtivo, como qualquer país faz, dentro das regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)".
Na quarta-feira passada, o ministro do Desenvolvimento já havia afirmado que o governo está avaliando a possibilidade de elevar o Imposto de Importação para alguns produtos da pauta de compras do exterior brasileira. Entretanto, não quis revelar quais produtos poderiam ser sobretaxados.
Quanto à valorização do real sobre o dólar, o ministro disse tratar-se de um movimento esperado em países fortes e que não deverá ser revertido tão cedo. "Não devemos ter a ilusão de que o cenário vai mudar em relação ao câmbio", afirmou. "Não vamos acreditar que a nossa moeda vai se desvalorizar de uma hora para outra", acrescentou.
Balança comercial – O anúncio da possibilidade de sobretaxas às importações de alguns produtos vem no momento de deterioração da balança comercial brasileira. No último ano, o saldo positivo de US$ 20,27 bilhões foi o mais baixo em oito anos. E, para 2011, a expectativa de economistas do mercado financeiro é de um saldo positivo menor ainda: de US$ 9,5 bilhões.
A balança comercial está dentro das contas externas brasileiras, que registraram forte deterioração no ano passado, quando foi apresentado um rombo recorde de US$ 47,5 bilhões. Os investimentos diretos, porém, cobriram todo o rombo, uma vez que somaram US$ 48,4 bilhões em 2010.
Para 2011, porém, o Banco Central (BC) projeta um rombo de US$ 64 bilhões nas contas externas brasileiras e investimentos estrangeiros diretos da ordem de US$ 45 bilhões. Com isso, o Brasil vai passar a depender de aplicações financeiras (entrada de recursos no País para bolsas de valores e renda fixa) e de empréstimos do exterior para cobrir o rombo das contas externas.
Veículo: Diário do Comércio - SP