A União Européia vai restabelecer o imposto na importação de todos os cereais, em reação à queda de preços no mercado internacional, com impacto sobre o Brasil.
A medida de Bruxelas afetará diretamente as exportações brasileiras de milho, que devem voltar a pagar ? 94 euros por tonelada ao invés da isenção que valia desde o começo do ano. O que o país conseguir exportar dentro da cota global de 2 milhões de toneladas, entrando pela Espanha, fica livre de taxa.
O Brasil é um dos maiores fornecedores de milho da UE. Exportou 3,4 milhões de toneladas até setembro, faturando US$ 732 milhões, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.
A UE disse que que tomou a decisão de restabelecer a tarifa de importação porque a cotação dos cereais ficou abaixo 180% do preço de referência. A comissária de agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, argumentou que precisava evitar um cenário de ter de utilizar subitamente os estoques e ao mesmo tempo abrir completamente as importações. "Isso seria darmos um tipo no pé", disse.
Considerando a interdependência dos mercados dos vários cereais e o rápido impacto das mudanças no preço de um cereal sobre os outros, as taxas serão cobradas simultaneamente para trigo, durum, centeio, sorgo e milho. Para os traders não serem penalizados quando os cereais já estiverem a caminho da Europa, o tempo de transporte será levado em conta.
A queda de preços de produtos agrícolas foi um dos argumentos que o Brasil utilizou esta semana em reunião com a Índia para tentar convencer os indianos a retomar a negociação da Rodada Doha para liberalizar o comércio global.
A baixa provoca retomada de tarifas de importação e deflagra nos países ricos maior utilização de subsídios. Com um acordo internacional, ao menos esses dois movimentos ficam limitados. Os brasileiros mostraram aos indianos estatísticas com quedas de preço em um mês de 11% do açúcar, 5% do café, 8% da soja, 7% do milho. Os indianos ficaram "sensibilizados".
Veículo: Valor Econômico