Produtor de trigo deve reduzir plantação por causa do alto custo dos insumos
Além do Dia Mundial da Alimentação, nesta quinta, dia 16, foi comemorado também o Dia do Pão. Em São Paulo, representantes do setor de panificação reunidos em um congresso dizem que o momento é bom para o mercado, apesar da crise econômica mundial. Consumidores e produtores de trigo, no entanto, não pensam da mesma forma.
No evento, empresários e representantes do setor de panificação disseram estar certos de que a crise na economia mundial não afetou o mercado de pães no Brasil. Eles acreditam que a estabilidade virá logo. O proprietário de padaria Ricardo Oliveira tem a mesma opinião.
– Eu não estou perdendo margem alguma e acho que todo mundo deveria ser mais tranqüilo. Não tem que aumentar o preço de nada até o final do ano – diz ele.
A aposentada Vera Vidigal, que mora sozinha, faz da ida à padaria um compromisso diário. Ela diz que já está acostumada com a mudança de preços, independente de crises, e acha que vai pagar mais caro de novo pelo pãozinho.
– A gente tem levado cada susto que não dá para esperar muita coisa – comenta.
A desconfiança da aposentada faz sentido. No ano passado e inicio deste ano, o preço do pãozinho subiu em torno de 25%. Foi quando a Argentina limitou a exportação de farinha de trigo, e, com falta do produto, o peso foi sentido no bolso do consumidor. Agora, com a crise e a alta do dólar, aumentou também o custo do trigo que o Brasil importa.
Só que, desta vez, não deve haver repasse no balcão das padarias. A garantia é do Presidente da Associação Brasileira da Indústria da Panificação (Abip).
- Não há porque aumentarmos os preços até o final do ano se o dólar ficar em torno de R$ 2 – assegura Alexandre Oliveira.
Na outra ponta da cadeia produtiva, a dúvida é sobre os preços dos insumos.
– Agora com essa alta do dólar a gente não imagina para quanto vai subir o custo dos insumos. Eu acredito que mesmo que eu plantar vai ser com menos tecnologia, menos fertilizantes e a produção vai ser bem menor do que estou acostumado a produzir – diz o produtor de trigo Odair Favali.
Ele, que é lá de Cambé, no norte do Paraná, plantou neste último ano mil hectares de trigo e acreditou que a situação pudesse melhorar nesta safra.
– O estimulou mais esse ano foi que o preço do trigo estava em torno de R$ 42 na época que a gente plantou e se previa que ia abaixar na colheita entre 10% e 15%, não 40% como baixou esse ano. Foi uma verdadeira armadilha para nós produtores – conta o triticultor.
Odair Favalli deve diminuir a produção de trigo no ano que vem por causa dos custos. Mas, com ou sem crise, não pensa em parar, para a sorte de quem depende tanto dele todos os dias lá na padaria.
Veículo: Canal Rural