Câmbio afeta setor de lácteos

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Perda da competitividade no mercado externo e custo de produção afetaram embarques.

 

A valorização do real frente à moeda norte-americana esta interferindo substancialmente no setor lácteo de Minas Gerais. A perda da competitividade no mercado internacional e o custo de produção fizeram com que não ocorressem embarques de leite em pó no Estado ao longo de janeiro. A retomada das negociações com o exterior depende do câmbio mais favorável.

 

De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Sant’Ana Alvim, o impacto causado pelas suspensão das exportações em janeiro e a queda acumulada em 2010 foram minimizadas pelo consumo interno, principalmente pela região Nordeste do país.

 

"Os preços do leite em pó no mercado externo são remunerativos, porém diante da valorização do real frente ao dólar as negociações se tornaram inviáveis. O aumento da oferta de produtos no mercado, devido à redução dos embarques, foi absorvida pelo consumo interno, que foi impulsionado pelo aumento da renda da população e pelo consumo crescente na região Nordeste do país. Não sabemos quando poderemos retornar as exportações, o que só será possível com o maior controle sobre a valorização da moeda brasileira", disse Alvim.

 

Segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as exportações mineiras acumulam quedas expressivas no setor lácteo. O levantamento do Mapa mostra que de janeiro a dezembro de 2010 Minas Gerais exportou 12,885 toneladas de produtos lácteos, o volume ficou 46% menor que o embarcado em igual período de 2010 e 84,99% do que o enviados ao longo de 2009. Em relação à receita, a queda nos embarques foi de 44% frente 2009 e de 78,1% na comparação com 2008. Em 2010, o faturamento do grupo alcançou US$ 32 milhões.

 

Retração - O leite em pó, principal produto exportado do segmento até a crise financeira mundial, acumulou queda de 52,7% na receita entre janeiro e dezembro de 2010, quando foram arrecadados US$ 13,532 milhões. O volume exportado caiu das 48 mil toneladas em 2008 para 7,762 mil toneladas em 2009 e para 3,635 toneladas em 2010.

 

Em janeiro de 2011, não foram registradas comercializações do produto com o mercado internacional, o que representou um recuo de 100% sobre as 1 mil toneladas de leite em pó enviadas em janeiro de 2010 e do faturamento de US$ 3,486 milhões.

 

Outro fator que vem preocupando o segmento leiteiro de Minas Gerais e do país é o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. De acordo com Alvim, o atual momento das negociações é de levantamento e manifestação dos dois blocos em relação a quais produtos deverão fazer parte do acordo e qual volume poderá ser comercializado entre os países que compõem os dois blocos.

 

De acordo com Alvim, a preocupação do setor se deve à última proposta apresentada pela UE que incluía a comercialização de 4 toneladas de manteiga, 13 toneladas de leite em pó e 20 toneladas de queijo por ano para todo o Mercosul.

 

"Estamos em um momento de discutir e não concordamos com a proposta. Fizemos um documento para entregar aos ministros envolvidos na questão, Mapa, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), apontando os pontos com os quais não concordamos, como, por exemplo, o volume insignificativo que poderíamos exportar para a UE", disse Alvim.

 

Outro problema identificado pelos representantes do setor é que a Europa, além de oferecer uma cota reduzida, ainda cobra tarifas sobre os produtos inclusos na fatia.

 

"Ainda não foi feito nenhum acerto, mas estamos nos protegendo. Na carta entregue aos ministros também manifestamos sobre a sensibilidade do setor leiteiro, sobretudo em relação ao mercado europeu, que subsidia muito o setor leiteiro gastando cerca de US$ 49 bilhões ao ano em subsídios para a produção de leite e derivados. Diante desse cenário, o Brasil não tem competitividade no mercado europeu", avaliou Alvim.

 

Impacto - O acordo com a UE, também poderá impactar de forma negativa na cadeia leiteira do Brasil devido ao ingresso de volumes irrestritos, principalmente de soro e queijos, provenientes da União Europeia no mercado local.

 

O receio dos representantes do setor é de que a abertura do mercado brasileiro para o ingresso dos produtos lácteos originários da UE sirva de moeda de troca para abrir espaço no mercado internacional para produtos que o Brasil possui grande competitividade, como açúcar, grãos e carnes.

 

Caso o acordo seja fechado nos moldes atuais, Minas Gerais seria um dos estados mais afetados, por ser a maior bacia leiteira do país. "O acordo atualmente não agrada o setor, por isso é importante que a cadeia esteja unida e buscando soluções para defender o mercado nacional", disse Alvim.

 

A proposta elaborada pela União Europeia condiciona o livre acordo de comercialização com o Mercosul ao livre ingresso de queijos e soro de leite nos mercados brasileiro, argentino e uruguaio. Os representantes da UE estão interessados principalmente no mercado brasileiro por estar em plena expansão e ser maior que o dos demais países envolvidos.

 

Além disso, os produtos lácteos europeus, por serem subsidiados, entrariam no país com preços mais competitivos, complicando a situação da produção local.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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