Líder de mercado nacional na produção de máquinas para fabricação de papel, a alemã Voith Paper realizou uma venda no valor de R$ 55 milhões para a empresa paranaense Sepac. O negócio, fechado em janeiro, prevê a entrega sob encomenda de um equipamento que produz até 30 mil toneladas de tissue - tipo de papel utilizado em produtos de higiene pessoal que vem aumentado a média de consumo em 4,6 % na última década em toda a América Latina.
"É a segunda máquina para tissue que comercializamos para a Sepac", informa o presidente da Voith Paper da América do Sul, Nestor de Castro. "Batizada de MP4, o equipamento é uma versão aprimorada da que vendemos há dois anos e meio atrás para a mesma companhia", explicou ele. A máquina será destinada para a produção de papel higiênico de folha dupla, com redução de consumo de vapor em 6 %. A negociação levou cerca de oito meses entre cotações e discussões e o prazo previsto para o término da instalação é fevereiro de 2012. A projeção de crescimento do tissue em 2011 se mantém abaixo dos 5 %. No entanto, de acordo com o presidente da multinacional, o mercado do papel geralmente usado em restaurantes e banheiros se desenvolve de maneira acima do normal. "Mesmo com a crise econômica em 2009, ano que registrou pequena queda, o mercado não sofreu muito porque as pessoas não param de comprar produtos de higiene", analisa. No ápice da crise, apenas estabelecimentos comerciais diminuíram a demanda por deixarem de receber clientes com a mesma frequência.
O recente crescimento econômico e ascensão das classes sociais no Brasil também foram apontados como fatores decisivos na boa fase para o tissue. Segundo Castro, a China fez uma série de pedidos de máquinas para fabricar o papel o que reflete a alta demanda dos países emergentes. "O papel para embalagens vem passando pelo mesmo processo, pois o volume de compras cresce e, automaticamente, os produtos precisam de caixas e papel específico de embrulho", conta. Por outro lado, o consumo de papel branco para livros caiu em função da concorrência com a mídia eletrônica.
Com cinco centros empresariais no Brasil, 4.600 funcionários e exportações que atendem 50 países, a fábrica responsável pela produção das máquinas está em processo de montagem de parte de um equipamento para a China que pesa mil toneladas e será empregado na confecção de duas mil toneladas por dia de papel cartão. No momento, a Voith tem pedidos em carteira d a Alemanha, a Indonésia, a Venezuela, a Colômbia e o Chile. A empresa apresenta faturamento de R$ 500 milhões por ano no Brasil e de 5 bilhões de euros no mundo.
"Nas últimas duas décadas crescemos 7,5 % por ano globalmente e o objetivo é manter esta margem pelos próximos cinco anos". No Brasil, o presidente explica que a taxa de evolução não é a mesma porque o market share está em 80 % e que o ideal é investir em novos produtos e serviços para ampliar a base de mercado. A participação mundial da empresa está calculada em 35 %.
Instalação
O valor total da instalação da nova máquina e componentes custará aproximadamente R$ 80 milhões para a Sepac, segundo informou o diretor presidente da companhia, João Ferreira Dias. Isto porque, além das despesas com a compra do equipamento da Voith, haverá os gastos com infraestrutura para acomodar o produto adquirido em regime de taylormade (feito de maneira específica a atender as necessidade da compradora). A instalação, engenharia, tubulação e testes são todas feitas pela prestadora do serviço.
Fundada no final dos anos 1970, a Sepac, localizada em Mallet, no Sul do Paraná, é especializada no fornecimento de tissue para higiene pessoal e abastece com papel toalha, guardanapos e papel higiênico redes de supermercado, atacados, distribuidores e consumo direto.
Atualmente a companhia produz 65 mil toneladas por ano de papel. "Após a instalação, produziremos 100 mil toneladas por ano", comentou Dias ao descrever o projeto de expansão comercial. O crescimento da empresa foi de 50 % nos últimos dois anos, ocupando assim, toda a capacidade da empresa. A meta é incrementar os níveis de produção em 20% com a quarta máquina. "Para o próximo ano, com a abertura de novos mercados, novos produtos, intensificação da participação em áreas em que a atuação da Sepac hoje é tímida e que tem grande potencial a ser explorado, pretendemos avançar em nossas participações como, por exemplo, na região Sudeste", revelou o diretor.
Veículo: DCI