A Panasonic irá ingressar no mercado eletrodoméstico de linha branca a partir do fim do próximo ano, quando entrar em operação a fábrica de refrigeradores e máquinas de lavar anunciada ontem em Belo Horizonte, pelo presidente da divisão brasileira da multinacional japonesa, Masanobu Matsuda, e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB). A unidade será instalada em Extrema, a cerca de 490 quilômetros da capital mineira e a apenas 110 quilômetros da Praça da Sé, em São Paulo.
Segundo Matsuda, o investimento será de cerca de R$ 200 milhões para produção inicial de 700 mil geladeiras e 200 mil máquinas de lavar por ano. Em uma segunda etapa, a Panasonic pretende instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento em Extrema e ampliar a produção para outros eletrodomésticos de linha branca, de modo a alcançar o equivalente a 10% do mercado nacional, que em 2009, segundo levantamento da Eletros, comercializou um pouco cerca de 7 milhões de geladeiras.
Atuante no Brasil principalmente na venda do que Matsuda chama de "linha marrom" (aparelhos eletroeletrônicos) e de pilhas, com fábricas em Manaus (AM) e São José dos Campos (SP), a Panasonic tem no país um de seus mercados com maior vetor de alta no mundo. Segundo o balanço divulgado no Japão há duas semanas, as vendas no Brasil cresceram 17%, proporção superada apenas por México, com 23%, Indonésia, com 29%, Vietnã, 44%, e Índia, com 48%, entre os países com grande população e razoável nível de renda.
O único produto de linha branca da empresa fabricado no País, em Manaus, é o forno micro-ondas. A empresa importava refrigeradores do Japão para o Brasil, atividade comercial que deverá cessar. " Estávamos testando o mercado. Para eletrodomésticos de grande porte, a importação não é competitiva", disse Matsuda.
A empresa recebeu incentivos fiscais do governo de Minas Gerais, mas Matsuda se esquivou de dizer se este foi o principal fator para a opção da Panasonic. A multinacional também estudava estabelecer a nova fábrica em São Paulo. Deixou entrever que o fator político foi decisivo. " Foi um processo demorado e difícil, mas o que nos levou a Minas foi a gentileza e a seriedade de suas autoridades e a clareza da política industrial", disse.
O governo mineiro não detalhou os incentivos. "O que foi oferecido de acordo com os programas normalmente adotados pelo governo em relação a novos investimentos", limitou-se a dizer o presidente do Instituto de Desenvolvimento Integrado (INDI), Frederico Álvares.
A cidade de Extrema, com 30 mil habitantes, está exatamente na divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. Nos últimos anos, recebeu investimentos de porte, sobretudo da indústria de alimentos. A Panasonic optou por Extrema depois de analisar outras cidades do sul de Minas, como Pouso Alegre e Santa Rita do Sapucaí. Mas o foco é o mercado de São Paulo. "Em um raio de 150 quilômetros, há um universo de 35 milhões de consumidores", comentou o prefeito de Extrema, Luiz Carlos Bergamin (PSDB).
Veículo: Valor Econômico