O Brasil é o terceiro mercado consumidor do mundo – perde para os Estados Unidos e Japão.
As empresas que fabricam itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos apresentaram crescimento na receita de 12,6% em 2010, em relação a 2009, movimentando um total de R$ 27,5 bilhões. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio, afirma que o resultado representa o 15º crescimento real consecutivo do segmento na casa dos dois dígitos.
Mesmo assim, a alta poderia ter sido ser de 13,5%, se não fossem os problemas enfrentados pela gigante de cosméticos Avon no ano passado. "A piora do resultado da companhia pode ter reduzido o crescimento do setor", diz Basilio, sem dar mais detalhes.
Entre os principais motivos dos números positivos do segmento, afirma o presidente da Abihpec, está a alta na renda da população das classes D e E, que possibilitou a aquisição de itens principalmente em produtos de higiene. "Esses consumidores duplicaram a compra de protetores solares, enxaguatórios bucais e, em até 3%, o consumo de sabonetes em barra e cremes dentais".
O índice de aceitação de enxaguatórios bucais entre a população das classes D e E passou de 3%, em 2004, para 37%, em 2009; o protetor para o rosto, de 12% para 38%, no período. A classe A e B também alavancou o setor: o interesse pelo creme para o rosto subiu de 12% para 38%.
Para ele, o conceito de supérfluos da categoria é subjetivo. "As mulheres representam quase 50% da população economicamente ativa. Imagine se elas gostariam de ir trabalhar sem usar a tintura de cabelo. Só para citar um exemplo da importância do item: provavelmente a presidente Dilma Rousseff não teria sido eleita se usasse os cabelos brancos", opina Basilio. "Isso pode comprometer o sucesso na carreira profissional de qualquer consumidora".
Impostos – Um dos desafios do setor, afirma o executivo, é a alta carga tributária. Citando a tintura de cabelo mais uma vez: a soma dos tributos Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) resulta na incidência de 58% no preço final da mercadoria.
O Brasil é o terceiro mercado consumidor do mundo – perde para os Estados Unidos e Japão. "O Brasil pode perder o lugar para a China. Mas deve ganhar o espaço ocupado pelo Japão. Dessa forma, vai continuar sendo um dos três principais".
O investimento do setor em 2010, com recursos próprios, foi de R$ 9,2 bilhões. Em 2009, o montante registrado foi de R$ 6,6 bilhões. As prioridades foram a modernização do parque industrial, o marketing e a inovação tecnológica.
Veículo: Diário do Comércio - SP