Real valorizado trava as exportações brasileiras de lácteos

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O Brasil é, historicamente, importador de lácteos. Somente a partir de 2000, as exportações do segmento cresceram devido à melhor taxa de câmbio, ao mercado mundial aquecido e ao aumento da renda no campo.

 

Em 2004, a produção nacional leiteira não apenas atingiu a autossuficiência como também apresentou saldo positivo na balança comercial de lácteos.

 

Esses tempos áureos de Brasil exportador perduraram até 2008, quando foi obtido o maior superavit, de US$ 297,7 milhões (77,9 mil toneladas de lácteos), com US$ 509,3 milhões exportados e US$ 211,6 milhões importados.

 

O desempenho da atividade leiteira foi comprometido pela crise no final de 2008, que provocou queda nas exportações devido à retração comercial e ao menor consumo de leite e derivados.

 

Além disso, em virtude de uma conjuntura cambial completamente diferente, com o real supervalorizado, ocorreu perda de competitividade do produto brasileiro.
Entre janeiro de 2009 e janeiro de 2011, o dólar caiu 25% ante o real, o que resultou em redução das exportações e aumento das importações -situação que perdura até hoje.

 

No caso do leite em pó, carro-chefe das exportações de lácteos, o problema foi a aquisição de matéria-prima.

 

Os valores do produto final comercializado pela Austrália e pela Nova Zelândia, atualmente os maiores exportadores, eram inferiores ao nosso custo de produção.
No ano passado, os preços internacionais desse derivado aumentaram. Mas, novamente devido ao câmbio, o Brasil não conseguiu reagir.

 

Além dos mercados importadores tradicionais, como a União Europeia e os Estados Unidos, o Brasil busca intensificar a comercialização com países emergentes da Ásia e da África que, ano após ano, aumentam o consumo.
Apesar de ser o quarto maior produtor mundial de leite, a China é o mercado consumidor mais promissor.

 

O crescimento econômico apresentado nos últimos anos, somado à melhoria da renda dos chineses, promoveu a mudança de hábitos, e os produtos lácteos ganharam espaço na alimentação.

 

As oportunidades de inserção do produto nacional no mundo são muito claras, mas para isso é preciso aumentar a produção (que hoje praticamente atende apenas à demanda interna), melhorar a qualidade, a fiscalização e, acima de tudo, reduzir os custos e ampliar os investimentos em genética, em manejo e em nutrição.

 

O governo, por sua vez, não poderá se furtar em oferecer políticas públicas, principalmente no que tange à desoneração da atividade produtiva, com redução da carga tributária e dos juros, estimulando o consumo e inibindo a importação de produtos subsidiados.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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