Empresa elimina marcas, organiza as fábricas por linha de produto e investe R$ 160 milhões em lançamentos
Um ano e nove meses depois de ter comprado a BSH Continental, a mexicana Mabe, maior fabricante de fogões do mundo, acaba de arrumar a casa da operação brasileira. A empresa reduziu de cinco para três as marcas de eletrodomésticos, especializou a produção das fábricas e está investindo R$ 160 milhões no lançamento de 115 eletrodomésticos da linha branca.
"Tínhamos uma salada de marcas", afirma o presidente mundial da Mabe, Luis Berrondo, fazendo menção ao conflito existente entre as marcas Mabe e Continental, em um segmento, e GE e Bosch, em outro - que eram praticamente concorrentes de mercado, apesar de pertencerem à mesma empresa.
Após várias pesquisas, o grupo decidiu deixar de fabricar e vender no Brasil a marca global Mabe neste semestre. No segundo semestre, a Bosch não será mais produzida aqui, passando a ser importada. Com isso, a empresa centra fogo em três marcas: Dako, para classes de menor renda; GE, para os consumidores com maior poder aquisitivo; e Continental, para a grande classe média brasileira.
"A Continental será a marca mais importante no Brasil, com potencial para se tornar uma das principais do grupo, que está em 70 países", afirma Eduardo Pisani Mello, vice-presidente comercial da empresa. Há 57 anos no mercado, a Continental deve ampliar de 30%, em 2010, para 40%, neste ano, sua fatia na receita nacional do grupo - para isso, teve 70% da sua linha renovada. A Mabe também volta a fabricar as lavadoras Continental, linha desativada em 2006.
Nordeste. Berrondo explica que, além de concentrar marcas para melhorar os resultados, a administração optou por especializar a produção das fábricas para reduzir custos. Em Campinas (SP), serão fabricados todos os fogões; em Hortolândia (SP), os refrigeradores de grande porte; em Itu (SP), as geladeiras menores e a linha de lavanderia. Os quatro centros de distribuição foram reduzidos a um, em Hortolândia, e a empresa inaugura neste semestre outro em Recife (PE), para atender o Nordeste.
À frente, desde janeiro de 2010, da operação do Mercosul, que inclui o Brasil, o mexicano Luis Enrique Guillen Smer, diz que o processo a integração das companhias foi "um bocado muito pesado", quando questionado se a empresa voltaria às compras em breve. Segundo ele, a integração foi difícil porque as ambas as empresas eram de grande porte.
Com a casa arrumada e mesmo sem isenção de IPI, Berrondo está otimista para 2011. Projeta crescimento de 11% para a receita, que atingiu US$ 1 bilhão em 2010, ou 30% das vendas do grupo. "O Brasil é o nosso foco." A empresa detém 24% do mercado local.
Veículo: O Estado de S.Paulo