Após dois anos enfrentando preços baixos, as granjas de ovos de Minas Gerais estão otimistas com a alta registrada nos valores pagos pela caixa do produto, a partir de fevereiro. De acordo com dados da Jox Assessoria Agropecuária, a média mensal de preço da caixa de ovos extra, com 30 dúzias, ficou em R$ 44,30 em fevereiro, o que representou incremento de 19,4% sobre janeiro e de 11,9% se comparado com os valores praticados em igual mês de 2010.
Os dados da Jox Assessoria também apontaram valorização do produto entre os dias 1º e 22 deste mês. A caixa está avaliada em R$ 47,73, o que mostra incremento de 7,74% sobre o preço médio pago em fevereiro. A alta registrada ao longo de março foi influenciada pela elevação do consumo, principalmente devido ao período de Quaresma.
De acordo com o diretor do Aviário Santo Antônio (ASA) e membro do conselho da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Aulus Assumpção, a tendência para os próximos meses é de novas altas, porém em índice menores. Segundo ele, os preços dos ovos devem se manter em patamares rentáveis, mesmo após o encerramento do período de Quaresma, isso devido à redução da oferta do produto no mercado.
"A descapitalização do produtor promoveu a redução dos alojamentos no Estado. A medida foi adotada para reduzir os prejuízos, já que, além de comercializar os ovos ao longo dos dois últimos anos a preços insuficientes para gerar lucro, os avicultores tiveram a situação agravada com o aumento significativo dos custos de produção, principalmente pelos altos preços do milho e da soja", disse Assumpção.
Mercado - Segundo o diretor da Fox Assessoria, Oto Xavier, outros fatores como a retomada das aulas e a produção equilibrada com a demanda do mercado irão contribuir para a sustentação dos preços. "A tendência é de um mercado firme para os ovos, onde a oferta está ajustada com a demanda, o que favorece a formação de preços rentáveis para a atividade", avaliou Xavier.
Um dos principais fatores que poderão contribuir para o desenvolvimento do setor neste ano é a redução dos custos de produção, com o início da colheita da safra de grãos no Estado. De acordo com Assumpção, o milho e a soja são os principais componentes da ração utilizada para alimentar as aves, e esses produtos apresentaram alta superior a 50% desde meados de 2010. "Nossa expectativa é que os preços do milho caiam com o avançar da colheita", disse Assumpção.
Os preços dos ovos, em Minas Gerais, encerraram 2010 abaixo dos custos de produção. De acordo com os dados da Jox Assessoria, a média de preços para a caixa de 30 dúzias registrada ao longo do ano passado foi de R$ 37,89. Em janeiro, houve nova queda nos preços, devido ao período de férias escolares e o calor. O valor da caixa de 30 dúzias ficou em R$ 37,10.
O preço reduzido, tanto a partir do segundo semestre de 2010 como em janeiro deste ano, contrariou as expectativas do setor, que acreditava na valorização do produto diante do encarecimento registrado no setor de carnes, principalmente a bovina.
"Antes, quando era registrado aumento significativo nos preços da carne, havia uma migração para o ovo, porém, no ano passado, essa movimentação não ocorreu. O que percebemos é que, mesmo com o aumento das carnes, a população continuou consumindo o produto. O que fizemos para alavancar o consumo de ovos foi investir em campanhas publicitárias e na maior divulgação dos benefícios do produto para a saúde dos consumidores", disse Assumpção.
De acordo com as estimativas da Avimig, Minas Gerais produz cerca de 300 milhões de dúzias de ovos. O Estado é o segundo maior produtor do país, respondendo por 20% do total nacional. O consumo per capita anual no país é de 40 unidades por habitante, sendo que em países como os Estados Unidos, Japão e México o consumo fica próximo de 300 ovos por ano. "Ainda temos muito espaço para crescer e vamos continuar investindo para incentivar o aumento do consumo", ressaltou Assumpção.
Veículo: Diário do Comércio - MG