Indústrias de café buscam opções para elevar vendas

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Estratégia: Produto gourmet com marca própria ganha mais espaço

 

Concentração do segmento, aumento da concorrência no varejo e dificuldade em repassar ao cliente final a valorização da matéria-prima dos últimos meses. Juntos, os três fatores estão levando as indústrias de café do Brasil, especialmente as de médio porte, a buscarem alternativas de venda para permanecerem ativas e não serem adquiridas por grupos maiores.

 

Uma das tendências que começam a ganhar força no mercado brasileiro - e participação no faturamento das empresas - é a produção voltada a marcas próprias de café gourmet. Até então restritas a produtos de qualidade inferior, a marca própria para cafés de alta qualidade passou a ter uma demanda maior nos últimos três anos, sobretudo com o crescimento do número de cafeterias.

 

"A marca própria para café gourmet é uma alternativa importante. Nos Estados Unidos muitas empresas se especializaram nisso e chegam a ter 90 marcas diferentes para atender clientes que vão desde cafeterias, restaurantes e até redes de concessionárias de automóveis", afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

 

Maior indústria de café gourmet do país, o Café do Centro está ampliando suas vendas de marcas próprias nesta categoria. A empresa que fechou 2010 com faturamento de R$ 30 milhões, tem nas marcas próprias de café gourmet a origem de 5% de suas vendas totais. "Saímos do zero para R$ 1,5 milhão em três anos. Iniciamos essa estratégia em 2007 e estamos crescendo a cada ano", afirma Rodrigo Branco Peres, que comanda a companhia em sociedade com seu primo Rafael Branco Peres.

 

Na lista de clientes com marcas próprias da empresa aparece a rede de postos de combustível Graal, dona da marca "Route Café", desenvolvida e fabricada pelo Café do Centro. Os sócios da torrefação lembram que o Graal utilizava um café de baixa qualidade, mas em uma estratégia de revitalização de sua própria marca decidiu introduzir um café de alta qualidade.

 

"Percebemos que, além de vender o expresso no balcão, os postos vendem o café torrado e moído para o cliente levar para casa. A rede não só aumentou as vendas de café nas lojas, mas passou a ter uma nova fonte de renda", afirma Rafael Branco Peres.

 

Ainda na linha de alternativas de canais de venda, a internet também passou a ser uma opção. O paulista Café Canecão e o capixaba Café Meridiano, por exemplo, estão apostando na venda de seus produtos pela internet. "Está começando a ficada cada vez mais comum na indústria do café a venda B2C [Business to Consumer], ou seja, direto ao consumidor final", afirma Herszkowicz.

 

À medida que a indústria se consolida, segundo Herszkowicz, iniciativas como a internet e marcas próprias de café gourmet passam a ficar cada vez mais frequente. Mais um passo na concentração do setor foi dado na semana passada, quando o grupo 3Corações - joint venture entre Santa Clara e Straus-Elite - acertou a compra do Café Fino Grão, de Minas Gerais.

 

Antes disso, a americana Sara Lee se firmou como líder no mercado doméstico ao incorporar em novembro do ano passado a então quarta maior indústria do país, a Café Damasco. Atualmente, as dez maiores companhias do país já respondem, juntas, por 75,2% das vendas de café no mercado doméstico.

 


Veículo: Valor Econômico


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