O excesso de cargas em alguns caminhões provoca a redução da vida útil das estradas mineiras, além do risco constante de acidentes
A Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg) pretende encaminhar, neste mês, ao governo do Estado um diagnóstico do trabalho de fiscalização por balanças para evitar caminhões com excesso de peso nas rodovias mineiras. Segundo o levantamento, o número de equipamentos instalados nas estradas de Minas é de apenas pouco mais de 20% do considerado necessário para atender à demanda.
Conforme o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), são 17 pontos de fiscalização por pesagem nas estradas sob jurisdição do órgão em Minas. Nas rodovias estaduais, são outras 47 balanças em funcionamento.
A malha rodoviária de Minas, a maior do país, é de aproximadente 270 mil quilômetros. Desse total, pelo menos 30 mil quilômetros estariam passivos de fiscalização, por se tratarem de rodovias com trânsito de carga pesada.
Na atual estrutura de fiscalização, a média é de um posto de pesagem a cada 470 quilômetros, enquanto na visão do presidente da Fetcemg, Vander Costa, o ideal seria um posto de pesagem a cada 100 quilômetros. Nesse sentido, o número teria de saltar das atuais 64 balanças para cerca de 300.
"No DER (Departamento de Estrada de Rodagem de Minas Gerais), a argumentação é de que alguns postos não seriam rentáveis, pois gerariam poucas multas. Também ouvi relatos de que existe pressão política em algumas cidades para que as balanças não sejam instaladas. Além disso, existem algumas transportadoras que, pressionadas pelos prazos e pelo volume de trabalho, acabam sobrecarregando as carretas", afirmou Vander Costa. "O que eles precisam entender que o ganho não é com as multas, mas com a manutenção das rodovias e dos equipamentos", ressalta.
Risco - O resultado desse descaso é a redução da vida útil das estradas, o risco constante de acidentes e também o desgaste mais rápido dos caminhões, que não estão preparados para o transporte do sobrepeso.
Costa enumera várias estradas no Estado em que a falta de fiscalização estaria comprometendo a qualidade do asfalto. Segundo ele, na recém-inaugurada Linha Verde, que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (RMBH), já há sinais de desgaste prematuro do piso. Ele relatou que não há na nova estrada nenhuma fiscalização de peso e que as boas condições da estrada motivam motoristas a fazerem desvios de outros trechos para transitarem pela rodovia.
Conforme o dirigente, a BR-040, entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, recentemente reformada, também já apresenta rachaduras na estrutura em função da falta de fiscalização. Assim como no trecho da estrada que liga a Capital ao Rio de Janeiro - excetuando até o trevo de Ouro Preto - há anos carece de obras. A estimativa de especialistas é que o excesso de peso acarrete redução de até 40% da vida útil do pavimento.
O governo de Minas anunciou em 2009 um investimento de R$ 30 milhões para que a construção de novos postos de fiscalização. O projeto ainda não foi finalizado e, até o momento, ainda faltam 23 balanças para a meta ser cumprida. Ainda assim, o número seria insuficiente na avaliação da Fetcemg.
Veículo: Diário do Comércio - MG