Empresas já detectam aquecimento acima do previsto para a época nas vendas de itens voltados para a data.
O consumidor brasileiro começa a mudar um antigo hábito de deixar as compras para a última hora. A 11 dias da Páscoa, empresas como Cacau Show, Kopenhagen e Ofner já detectam um aquecimento acima do previsto para a época nas vendas de itens voltados para a data.
"De fato, as pessoas estão indo mais cedo às lojas. No comparativo a igual número de dias que antecedem a data, as vendas estão de 47% a 50% superiores em relação a 2010", afirmou o diretor de marketing da Cacau Show, Jorge Pretz Filho.
Ainda segundo o executivo, que é novo na empresa, mas acumula 20 anos de atuação no varejo, essa mudança de atitude não é recente e vem se intensificando a cada ano. Para evitar a possível falta de produtos, a empresa realiza um acompanhamento diário das vendas e está preparada para remanejamentos de última hora nos estoques das lojas.
O abastecimento das unidades começou em março. Em 2011, a Cacau Show ampliou a produção para a Páscoa em 40% em relação a igual período de 2010, totalizando 2 mil toneladas. Apenas em ovos, serão 6 milhões de unidades. A linha específica para a data possui mais de 60 produtos, dos quais 16 são lançamentos. Com faturamento de R$ 1 bilhão em 2010, a Cacau Show estima um aumento de, pelo menos, 47% no faturamento na Páscoa em relação a 2010.
Paulo Pampolin/Hype
Comparando com os dias anteriores à Páscoa no ano passado, já são 43% a mais em vendas, patamar acima da meta do Grupo CRM – detentor das marcas Kopenhagen, Brasil Cacau e Dan Top – que era de 34%. Neste ano, a produção foi de 370 toneladas de itens para a data e outras 400 toneladas de produtos regulares. É um aumento de cerca de 30% em relação a 2010.
"Acredito que seja um pouco das duas coisas: antecipação e até aumento de compras. Mas ainda é cedo para afirmar que o consumidor mudou o hábito de ir às lojas às vésperas de datas comemorativas", disse o diretor comercial da Ofner, Laury Roman. Segundo ele, até o momento houve aumento de 12% a 15% nas vendas. "Entre os fatores está o medo de não encontrar a mercadoria desejada. "
Roman afirmou ainda que a Ofner sempre faz um acerto final a fim de garantir a oferta dos produtos, mas que pode haver falta de um ou outro item. "É difícil prever qual será a preferência do consumidor. Geralmente, os lançamentos são os primeiros a serem vendidos." Em 2011, a empresa ampliou o volume em 15% para 70 toneladas. A expectativa é faturar 20% a mais.
Contraponto – Embora acredite que o grosso das vendas irá se concentrar às vésperas da data, a Ben Hur Alimentos iniciou ontem uma "corrida" para conferir eventual falta de mercadoria. "Na nossa loja de fábrica, até o momento, vendemos apenas de 10% a 15% do previsto. A história se repete. A maioria deixa para comprar no sábado e chega a faltar ovos", disse o gerente de marketing, Sebastião Simões.
Localizada em São Caetano do Sul, a empresa produz produtos pascais há 29 anos. Em 2011, serão 20 toneladas, 30% acima do volume em 2010. O mesmo percentual de aumento é esperado na receita. Além da Grande São Paulo, a empresa está presente em Brasília, Paraná e interior paulista.
O grupo Pão de Açúcar também acredita que o movimento neste ano será semelhante ao de 2010, ou seja, concentrado na última semana. A única diferença é que, devido ao Dia de Tiradentes cair na quinta-feira e estender o feriado, a rede aposta em uma migração da vendas para o dia anterior. A estratégia para não haver falta de produtos está na programação de compras: 15% a mais. A rede prevê avanço de 30% nas vendas de ovos ante 2010, superando 2,1 mil
toneladas.Fuga da sazonalidade
Outra mudança em relação à Páscoa é a tentativa de diluição do peso da data conhecida como o "Natal dos chocolates" na receita das empresas. A Ofner, por exemplo, vende 350 toneladas do produto no fim do ano ante 70 toneladas na Páscoa. No entanto, segundo o diretor comercial da empresa, Laury Roman, por ser uma confeitaria a linha de produtos com chocolate é superior no Natal em virtude da comercialização de panetones e outros itens. "Se você considerar o chocolate isoladamente, a Páscoa ainda é a campeã de vendas."
Já a Cacau Show trabalha fortemente para tentar quebrar a sazonalidade da Páscoa. Atualmente, a data representa 15,8% da produção que em 2011 deve chegar a 13 mil toneladas. "A ideia é apresentar o chocolate como opção de presentes o ano todo. O Natal, por exemplo, já é nossa segunda melhor data de vendas", disse o diretor de marketing da Cacau Show, Jorge Pretz Filho.
Para o Grupo CRM – detentor da marca Kopenhagen, Brasil Cacau e Dan Top – a Páscoa também continua a ser o carro-chefe, responsável por 30% das vendas do ano. No entanto, a importância do Natal cresce e a data já responde por 20% das vendas.
A Ben Hur Alimentos que, atualmente, fabrica apenas produtos sazonais – ovos e bolos pascais e panetones – pensa em adotar estratégia semelhante. "Já estudamos inserir produtos como bombons que atendem ao Dia das Mães e Namorados", disse o gerente de marketing, Sebastião Simões.
Veículo: Diário do Comércio - SP