Algodão baiano está na mira dos investidores chineses

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A Bahia se aproveitou muito bem da atual corrida chinesa por investimentos para o agronegócio brasileiro. Tanto que uma missão de empresários da China visitará o estado no próximo mês para analisar a viabilidade de instalar uma unidade têxtil ou mesmo uma fábrica de óleo de algodão em território baiano. Outro grupo do país asiático deve chegar em meados de maio para analisar a produção de charutos, que poderá ser exportada para os chineses.

 

Depois de obter investimentos em um polo industrial para a soja, na cidade de Barreiras, o estado já conversa com empresas da Coreia do Sul também interessadas na soja brasileira. Além disso, durante uma visita à China, representantes do estado, liderados pelo governador Jaques Wagner, visitaram a indústria Hopefull Group Grain Oil Food, com o intuito de captar mais investimentos para industrializar o algodão produzido na região.

 

Na visita a Pequim, o secretário da Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, esteve na Hopefull Group Grain Oil Food e ouviu de seu presidente a promessa de ajuda, com objetivo de industrializar o algodão baiano. Shi Kerong, presidente da Hopefull, teria dito ao secretário que o foco da empresa no momento é a soja, mas que possui parcerias com indústrias têxteis e pode auxiliar a Bahia a industrializar o algodão. "Buscamos parcerias para a instalação de uma indústria têxtil chinesa na Bahia. O estado é o segundo maior produtor de algodão do País, possui as melhores fibras, muito parecidas com as do Egito, e ainda não temos nenhuma industria têxtil por aqui. Queremos, além de vender o algodão em fardo, como fazemos hoje, processar a fibra na Bahia para agregar mais valor", contou Salles com exclusividade para o DCI. "Já agendamos para o mês de maio uma visita do grupo chinês à Bahia para darmos continuidade às conversações", disse.

 

A Bahia produz 3,9 mil quilos de algodão por hectare e para a safra 2010/2011, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção deve atingir 1,5 milhão de toneladas, um crescimento de 48,6% em relação à safra 2009/2010, que foi de 1,017 milhão de toneladas. A área plantada cresceu os mesmos 48,6%, passando de 268,8 mil hectares na safra anterior, para 387,5 mil hectares.

 

O secretário não soube dizer detalhes sobre a indústria, mas contou que o estado levou à China alguns folders explicativos sobre as vantagens de se investir no estado. "Nós fizemos um folder muito explicativo sobre a agroindustrialização da Bahia, todo em chinês e inglês, e todos os potenciais para se investir no estado. Colocamos também quais os incentivos fiscais que são dados. Eles ganharão uma série de incentivos, como o programa "desenvolve", que chega a dar 82% de desconto no ICMS. Nós temos os terrenos para a indústria e oferecemos parte de infraestrutura básica, como água e energia. Resumindo: é um prato cheio", comentou.

 

Mas não é só da China que os investimentos devem chegar. Salles contou que fez uma visita a Seul, na Coreia do Sul, para uma reunião com os executivos da Samsung e da AT Korea Agro- Fisheries Trade Corporation, também interessados em investir na Bahia, no segmento da soja. Segundo o secretário, essa reunião serviu para dar continuidade às conversações iniciadas em março, quando o presidente da AT, Young Je Ha, e executivos da Samsung estiveram na Bahia e visitaram fazendas de soja e de milho no município de Luis Eduardo Magalhães. "Naquela ocasião conversamos apenas sobre a comercialização de grãos como a soja, o milho e o algodão." Além do interesse na soja e no algodão, os asiáticos também visualizaram boas oportunidades na comercialização dos charutos da região. Uma delegação composta por empresários e representantes do governo da China irá à Bahia, de 8 a 15 de maio com a missão de confirmar que o estado é livre de Mofo Azul, praga que afeta a cultura do fumo, e autorizar a exportação. Atualmente, a produção é de cinco milhões de charutos por ano, concentrada em oito municípios do recôncavo. A expectativa é de que, com a liberação para a exportação para a China, a produção dobre. "Nós estamos pedindo uma cota de exportação de 10 milhões de charutos por ano. Quando eles vierem acredito que já bateremos o martelo", comemorou Salles.

 

Veículo: DCI


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