Faemg faz estimativa de expansão de 52,4% da produção em Minas.
A sustentação dos preços do milho em patamares lucrativos para os produtores, mesmo em período de oferta elevada, estimula a ampliação do plantio do grão na segunda safra do ano. A estimativa da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) aponta para crescimento de 52,4% da produção de milho safrinha em Minas Gerais. A tendência é que as cotações continuem remuneradores por pelo menos as duas próximas safras.
De acordo com o coordenador da assessoria técnica da Faemg, Pierre Santos Vilela, a alta na produção da safrinha demonstra a expectativa positiva dos produtores em relação ao mercado do milho no próximo período produtivo. A segunda safra de milho no Estado é voltada, principalmente, para a produção de sementes.
"Os produtores estão otimistas com o cenário econômico, no qual a demanda mundial está superior à oferta, o que contribui para a manutenção dos preços em nível que geram lucro. O aumento significativo na safrinha mostra que as expectativas para a safra 2011/2012 são positivas e que os resultados poderão ser superiores, o que dependerá dos fatores climáticos para se concretizar", disse Vilela.
A estimativa é que a safrinha deste ano atinja cerca de 250 mil toneladas, contra 164 mil toneladas obtidas em igual período de 2010. O uso de sementes transgênicas deverá superar 50% do total, devido à alta produtividade e a maior resistência às pragas, doenças e variações climáticas.
Perdas - A primeira safra do ano já foi praticamente concluída no Estado. A cultura registrou perdas de 1% devido à estiagem prolongada no primeiro bimestre deste ano e as chuvas intensas em março, que interferiram no ritmo da colheita dos grãos. A estimativa inicial apontava recuo de pelo menos 3% sobre a safra anterior.
Os preços do milho em Minas Gerais se mantiveram estáveis entre fevereiro e março. O valor pago pela saca de 60 quilos aos produtores, segundo Vilela, ficou em torno de R$ 25,60. No confronto com igual mês de 2010 foi registrada expansão de 67,3%. Em março do ano passado, a saca de milho era comercializada a R$ 15,30. A tendência, segundo Vilela, é que os preços do cereal para os produtores continuem nos patamares atuais, o que é suficiente para gerar lucro.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a colheita da safra de verão avançou, mas a disponibilidade de milho no mercado interno em março ainda foi similar ao de período de entressafra. Segundo os pesquisadores do Cepea, além das freqüentes chuvas dificultarem a colheita e também o plantio das lavouras de segunda safra, produtores optaram por segurar o restante do produto disponível.
Enquanto compradores mostraram algum interesse por adquirir novos lotes de milho, vendedores negociaram apenas pequenas quantidades, dando prioridade aos trabalhos de campo. Somente em regiões deficitárias em armazenagem o grão foi comercializado conforme o avanço da colheita.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a lavoura de milho primeira safra em Minas Gerais teve desenvolvimento normal assim como na grande maioria dos estados produtores. O milho disponibilizado no mercado em 2011 possui boa qualidade, devido ao pacote tecnológico utilizado pelos produtores, clima favorável, maquinário adequado, sementes de qualidade e assistência técnica.
Área menor - A produção prevista do cereal na primeira safra no Estado é de 5,87 milhões de toneladas, o que significa redução de 0,8% sobre o período produtivo anterior. A área cultivada apresentou queda de 1,5%, passando de 1,164 milhão de hectares para 1,148 milhão de hectares. O preço baixo pago ao produtor pelo cereal ao longo da primeira safra de 2010 foi o principal fator que desestimulou o aumento da área e do cultivo.
Para a segunda safra, o sétimo levantamento da Conab apontou clima favorável para o milho em quase todas as regiões produtoras. Apenas a produção no Norte de Minas pode ser afetada pela escassez de chuvas.
A retomada dos valores pagos aos produtores e as previsões de manutenção dos preços em patamares rentáveis estimularam a produção na segunda safra. Segundo o levantamento da Conab, em Minas Gerais haverá expansão de 53,1% na produção de milho segunda safra, gerando cerca de 250 mil toneladas do cereal. A área plantada foi incrementada em 62,45% alcançando 44,5 mil hectares.
"O cenário para a produção de milho é otimista. Não existem sinalizações que modifiquem a rota de crescimento da demanda por alimento nos próximos dois ciclos positivos. A limitação que os produtores mineiros poderão enfrentar é a falta de espaço físico para ampliar o cultivo, o que dependerá da recuperação do espaço degradado, uma vez que a aberturas de novas áreas é impedida pelas leis ambientais", disse Vilela.
Veículo: Diário do Comércio - MG