Grupo Pão de Açúcar aperta prazos para reduzir custos financeiros

Leia em 2min 50s

Companhia muda parcelamento de compras e negocia estoques e pagamentos com fornecedores

 

Aumento da participação das vendas com juros, redução do prazo médio de parcelamento e readequação do pagamento aos fornecedores são alguns dos esforços do grupo Pão de Açúcar para reduzir o impacto das despesas financeiras em seu resultado. No primeiro trimestre de 2011, as despesas financeiras líquidas foram de R$ 325,7 milhões ante R$ 101,2 milhões no mesmo período do ano passado, época em que os números da Casas Bahia ainda não haviam sido incorporados ao balanço da empresa.

 

Para o analista do Santander, Tobias Stingelin, o aumento das despesas financeiras foi o “grande vilão” do resultado trimestral da companhia. Rafael Cintra, analista da Link Investimentos, concorda. “As vendas estão crescendo de maneira consistente, mas as despesas financeiras estão em um patamar elevado”, diz.

 

Na tentativa de reverter esta situação, a varejista mexeu na forma de pagamento do cliente. Existe, por exemplo, um esforço para aumentar a venda com juros. Atualmente, as vendas sem juros da Globex, que inclui as operações de Ponto Frio e Casas Bahia, representam 50% do total. Quando a companhia comprou o Ponto Frio, em2009, este percentual era de 67%.

 

Na divisão GPA Alimentar, que engloba as bandeiras de supermercados, postos de combustíveis, drogarias, atacarejo e conveniência, 55% das vendas são realizadas semjuros. No terceiro trimestre do ano passado, elas representavam 75%.

 

Menos prazo

 

A varejista também quer reduzir o prazo médio de pagamento, o qual chegou a ser de 10 meses e hoje está em oito. Este raciocínio vale, por exemplo, para o consumidor que tem um limite pré-aprovado em seu cartão de crédito. “Percebemos que para este cliente não adianta vender em 20 parcelas ou em 10 vezes sem juros. Se ele tem limite aprovado de R$ 2 mil para comprar uma TV pode tranquilamente pagar a compra em oito vezes de R$ 250. Para ele não faz diferença”, diz Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do grupo Pão de Açúcar. “Quanto mais o prazo médio for reduzido, menor será o impacto das despesas financeiras no resultado do grupo”, completa. No entanto, para o cliente que não tem este crédito no cartão, a tendência é expandir o prazo. “Para este consumidor o que importa é se o valor da parcela cabe no bolso. Ele não pode, por exemplo, comprar o televisor emdez vezes,mas consegue pagá- lo em doze parcelas com um pequeno juro ”, afirma.

 

Negociação com fabricantes

 

Grandes varejistas como o Pão de Açúcar têm fama de durões durante as negociações com a indústria. E a tendência é que estas conversas encrespem ainda mais. Atualmente, a Globex trabalha comumestoque de dois meses e um prazo médio de pagamento junto aos fornecedores de 51 dias. Dessa forma, a empresa fica nove dias, digamos, no negativo, os quais representam cerca de R$ 50 milhões.
“Acabamos financiando estas empresas”, diz Bethlem.

 

A saída para ajustar esta conta está em diminuir a quantidade de estoque ou esticar o prazo de pagamento. Os fabricantes de móveis, por serem pequenos e com pouca estrutura comparados às grandes indústrias, serão os que mais vão sentir estas mudanças.

 


Veículo: Brasil Econômico


Veja também

Ministério pode mudar legislação trabalhista

Terceirizado preocupa indústria.   O governo federal deverá modificar a legislação t...

Veja mais
O urgente resgate da competitividade

O crescente déficit na balança comercial de manufaturados preocupa muito os setores produtivos e exige a u...

Veja mais
Preços de medicamentos podem variar até 987%

Os preços dos medicamentos podem variar até 986,96% dentro da cidade de São Paulo, segundo pesquisa...

Veja mais
Uma enxurrada de produtos

No ano passado, a indústria de bens de consumo lançou 15.800 produtos. O problema é encontrar espa&...

Veja mais
GPA irá diminuir parcelas de compras para recuperar lucro

O vice-presidente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Hugo Bethlem, só pensa em ampliar o fluxo de...

Veja mais
Alta do sebo faz indústria reajustar preço em até 25%

Higiene e limpeza: Disputa com fabricantes de biodiesel contribui para elevar a cotação do insumo  ...

Veja mais
Medley fecha março como líder e disputa fica acirrada

A acirrada disputa entre as indústrias farmacêuticas atingiu o auge em março, quando o laborat&oacut...

Veja mais
RS conclui colheita de arroz em 99% da área

Responsável por quase 65% da produção nacional de arroz, o Rio Grande do Sul vai concluir nos pr&oa...

Veja mais
Produção de calçados cresceu 9,9% no ano

A indústria calçadista brasileira produziu, em 2010, 894 milhões de pares de calçados, alta ...

Veja mais