Há atraso no Espírito Santo, responsável por 25% da produção; em Minas, o gasto com o trabalhador aumentou
A falta de mão de obra para a colheita de café traz problemas aos cafeicultores das principais regiões produtoras do país.
No Espírito Santo -responsável por 25% da produção brasileira-, a escassez atrasa a colheita. Já em Minas Gerais, líder nacional e responsável pela colheita de 50% do café, a mão de obra está mais cara.
De acordo com cooperativas de cafeicultores, o problema é reflexo do aumento da escolarização da população rural, que busca trabalhos mais atrativos e de remuneração maior.
No Espírito Santo, as indústrias de tecelagem e de extração de mármore e de granito são as que mais atraem trabalhadores, diz Antonio Joaquim Neto, presidente da Cooabriel (Cooperativa Agrária de São Gabriel).
Em Minas, o trabalhador recebe 46% a mais por dia de trabalho. Se ano passado eles ganhavam em média R$ 65, agora pedem R$ 95, diz Marciane Gonçalves, técnica agrícola da Cooxupe (Cooperativa de Cafei- cultores de Guaxupé).
Na região da Alta Mogiana em São Paulo, Estado com 8% da produção nacional, a falta de mão de obra durante a colheita já é percebida há cerca de três anos.
Os trabalhadores são atraídos pela indústria calçadista de Franca (400 km de São Paulo) ou por culturas que demandam trabalho o ano inteiro, como a cana. O café oferece trabalho temporário por três meses ao ano.
MECANIZAÇÃO
No nordeste paulista, a necessidade incentivou a modernização, diz João Toledo, diretor-presidente da Cocapec (Cooperativa de Agricultores e Agropecuaristas).
"Colheita manual representa 60% do preço da saca do café. Com a mecanização, isso cai para 30%."
Segundo Nivaldo Antônio Rodrigues, cafeicultor de Pedregulho (437 km de São Paulo), os trabalhadores que ficaram no campo buscam a especialização para operar colheitadeiras, onde a remuneração mensal pode ficar em R$ 2.500.
O atraso na colheita traz queda na qualidade, mas não afeta os preços, diz Joaquim Neto.
Segundo ele, ainda que tardia, a colheita deverá ser feita até o fim de julho.
No entanto, o atraso expõe o grão às brocas -insetos que se alimentam da polpa do café-, o que acarreta perda no volume e na qualidade do produto.
Com isso, é preciso mais grão de café para encher uma saca de 60 kg -o que representa prejuízo financeiro de 15% por saca, segundo a Cooabriel.
Veículo: Folha de S.Paulo