Magazine Luiza compra lojas do Baú

Leia em 4min 30s

Operação de R$ 83 milhões com Grupo Silvio Santos deve ser concluída em 31 de julho

 

Depois de uma negociação relâmpago, que durou apenas três semanas, o Magazine Luiza anunciou ontem a compra dos 121 pontos de venda do Baú da Felicidade. A rede, que pertence ao Grupo Silvio Santos, estava à venda desde o fim do ano passado, quando o banco Panamericano, do grupo, revelou um rombo de R$ 4 bilhões.

 

O Magazine assinou um memorando de entendimentos vinculante com BF Utilidades Domésticas Ltda, BF Par Ltda e Silvio Santos na noite de sexta-feira. O preço, a ser pago em 31 de julho, quando a operação deve ser fechada, é de R$ 83 milhões. Esse valor inclui as 121 lojas, todas alugadas. Ficaram de fora os dois centros de distribuição do Baú, em São Paulo e Maringá, e também todo o passivo da empresa, que envolve dívidas fiscais (de R$ 237 milhões), com bancos, fornecedores e trabalhistas (R$ 35 milhões). Estas últimas, de R$ 35 milhões, já haviam sido negociadas pelo Grupo Silvio Santos para pagamento em cinco anos, a contar de 2009, data em que o grupo comprou a Dudony e deu origem à rede Baú da Felicidade.

 

"Nós compramos os pontos, não a empresa", disse ao Valor Marcelo Silva, superintendente do Magazine Luiza, deixando claro que a varejista não vai herdar qualquer passivo. Com a aquisição, o Magazine, que ocupa a segunda posição no ranking nacional do varejo de móveis e eletroeletrônicos, com receita líquida de R$ 5,7 bilhões, só atrás do Grupo Pão de Açúcar, salta para 732 lojas.

 

Em número de pontos de venda, porém, a empresa de Luiza Trajano ainda fica atrás da outra vice-líder, Máquina de Vendas - união das redes Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar -, que soma 750 lojas e também vem avaliando ativos na região Sul, onde não está presente.

 

"Queremos fortalecer a nossa posição no Paraná, único Estado do Sul do país onde o Magazine não tinha presença tão forte", diz Silva. Em 2004, a empresa comprou a gaúcha Lojas Arno. No ano seguinte, foi a vez de explorar o mercado de Santa Catarina, com a compra das redes Madol, Kilar e Lojas Base (com pontos também no Rio Grande do Sul e Paraná).

 

Com a aquisição, o Magazine passa a ter 121 lojas no mercado paranaense (contando as 41 lojas da rede e as 80 do Baú). A operação deixa a varejista controlada por Luiza Trajano próxima da líder local MercadoMóveis, dona de 127 lojas no Estado. O superintendente da MercadoMóveis, Márcio Pauliki, tem interesse em alguns pontos de venda. "Vamos deixar claro desde já que somos candidatos", diz Pauliki, que também estava no páreo pela ex-rede de Silvio Santos. Os demais pontos de venda do Baú estão em São Paulo e Minas Gerais.

 

Segundo o fato relevante divulgado, "em função da sobreposição de algumas lojas em determinadas cidades, o Magazine Luiza poderá juntar, fechar, alienar ou transferir alguns dos pontos comerciais do Baú". "O Baú tem pontos menores, que vamos transformar em lojas virtuais [sem estoque, com venda por catálogo] e tem pontos importantes em São Paulo, onde queremos expandir", afirma Silva. Este ano, a rede está abrindo 25 lojas, a maior parte na região metropolitana de São Paulo e no Nordeste.

 

O Magazine vai assumir oficialmente as lojas do Baú em 1º de agosto. "Gostamos desse dia. Foi a mesma data que assumimos a Lojas Maia, no Nordeste", diz Silva, que também vai converter a bandeira para Magazine Luiza.

 

A negociação do Baú Crediário é a primeira feita a partir da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do Magazine. Na operação, a varejista levantou R$ 886 milhões, sendo R$ 584 milhões em oferta primária, ou seja, recursos para a própria empresa.

 

O Baú não era uma rede cobiçada. Com muitos pontos pequenos, a rede de Silvio Santos assustava os pretendentes por conta do tamanho do seu passivo. O próprio grupo admitiu que a rede do Baú, que faturou R$ 415 milhões em 2010, trabalhava no vermelho. Desde o começo, segundo Silva, o Magazine deixou claro que queria apenas os pontos.

 

Na opinião do consultor Eugênio Foganholo, da Mixxer, com a compra, o Magazine tentou barrar as investidas da concorrência. Ele reconhece que o Baú não era forte, mas tampouco "há fila de vendedores" no mercado. "Esse segmento do varejo está em franca consolidação e o tamanho da rede faz muita diferença", diz.

 

Para Eduardo Seixas, da Álvarez & Marsal, o valor de R$ 83 milhões representa 20% do faturamento bruto, um índice baixo em relação a negociações recentes do setor, "que costumam girar em torno de 30% a 50% do faturamento, dependendo da rentabilidade".

 

Francisco Kops, da Planner Corretora, concorda que o Magazine pagou pouco pela rede, levando-se em conta a absorção da carteira de 3 milhões de clientes. "Isso significa que cada um custaria R$ 27, valor pequeno em relação a todo o potencial a ser explorado pelo Luizacred", diz, referindo-se ao cartão do Magazine Luiza.

 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Em vez de aquisições, foco da P&G é mudar hábitos de consumo

Todas as segunda-feiras de manhã, o CEO da Procter & Gamble, Bob McDonald, reúne-se com meia dú...

Veja mais
LBR ajusta operação e vai investir

Quase seis meses após sua criação, a LBR - Lácteos Brasil, resultado da união entre a...

Veja mais
Timberland é vendida para americana VF por US$ 2,2 bi

Varejo: Compra deve elevar receita da companhia em US$ 700 milhões   A fabricante de roupas e calça...

Veja mais
Rexona Women lança antitranspirante refrescante

Extra Fresh é a novidade da marca para mulheres que querem sensação de refrescância aliada &a...

Veja mais
Novidade para os adeptos da alimentação saudável e equilibrada

Dois copos de 200 ml de Piracanjuba Dieta+ garantem a quantidade diária de cálcio recomendada para homens ...

Veja mais
McCAIN Foods Limited anuncia Dirk Van de Put como presidente e CEO

McCAIN Foods Limited anuncia Dirk Van de Put como presidente e CEO   (Toronto, Ontario), 03 de Junho de 2011: O C...

Veja mais
Mabel oferece mais sabor com menos calorias

O cuidado com a alimentação é uma tendência mundial e para atender a este mercado crescente, ...

Veja mais
Novas cultivares de batata-doce da Embrapa chegam ao mercado

A batata-doce é a sexta hortaliça mais plantada no País, principalmente por pequenos agricultores f...

Veja mais
Algodão: Mato Grosso amplia produção de fibra em 56% em 2011

Com preços mais elevados do produto no Brasil, agricultores do estado investem na expansão da safra, com &...

Veja mais