Farmácias: lojas de bairro ganham cliente pela fidelização

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Atendimento diferenciado também é uma das estratégias utilizadas.

 

Embora as grandes redes tenham, aparentemente, dominado o mercado de farmácias e drogarias, as chamadas "lojas de bairro" ainda têm espaço entre a preferência do consumidor. Porém, a sobrevivência dessas empresas depende de atendimento e preço diferenciados, além de um alvo bem distinto das drugstores.

 

Essa é a opinião do gerente-farmacêutico da Drogaria Gutierrez, com duas lojas na região Centro-Sul da Capital, Eduardo Souza. Segundo ele, afastar-se deste tipo de concorrência é a melhor estratégia. "Essa é uma briga que não vale a pena", enfatizou. De acordo com Souza, empresas do porte da Drogaria Araujo e Droga Raia, por exemplo, têm parcerias com grandes laboratórios que "disputam" espaço em suas lojas.

 

Por isso, conforme o gerente, a "receita" para as farmácias de bairro é se conectar à indústria nacional de genéricos, que muitas vezes não é a prioridade das líderes do segmento.

 

O presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), que reúne 33 redes de farmácias de pequeno e médio portes no país, Edison Tamascia, disse que, apesar de simplista, a fala de Souza faz sentido.

 

Conforme ele, apesar de as grandes redes também investirem nos genéricos, o número de indústrias que produzem os similares é grande, o que permite aos pequenos negócios fazer uma opção distinta das drugstores.

 

Genéricos - Na Drogaria Gutierrez a expectativa de 10% de crescimento para este ano sobre 2010 será conseqüência direta da venda dos genéricos. Movimento parecido ocorre em todo o Brasil, onde o mercado de remédios similares apresenta incremento acelerado.

 

Somente no primeiro trimestre do ano, as vendas de genéricos tiveram um salto de 32% quando comparado com o mesmo período de 2010, chegando a 123,7 milhões de unidades. A receita do setor atingiu R$ 1,7 bilhão no país entre janeiro e março.

 

Para se ter uma ideia da dimensão da expansão, no ano passado esse ramo de medicamentos cresceu duas vezes mais do que a indústria farmacêutica nacional, conforme dados da auditoria da IMS Health.

 

Demanda - Além do maior poder de compra dos brasileiros, o mercado tem se beneficiado do envelhecimento da população. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com mais de 65 anos no país - justamente a parcela da sociedade que mais consome remédios - deve crescer 8% até 2015.

 

De olho no potencial do segmento, o gerente-farmacêutico da Drogaria Gutierrez estuda a abertura de um terceiro ponto de venda, desta vez na periferia de Belo Horizonte.

 

Souza falou que, independentemente da presença das grandes redes, as farmácias de bairro se beneficiam por conseguirem oferecer um atendimento personalizado aos clientes.

 

O gerente da unidade Droga Clara do Barreiro, Miguel Divino, concorda. De acordo com ele, o fato de muitos clientes serem conhecidos pelo nome é o que gera a fidelização. Além disso, por já ser uma empresa média, com nove filiais, a Droga Clara adquiriu maior poder de compra e consegue, assim, oferecer preços competitivos.

 


Mix - A busca por maior competitividade é justamente o que levou os players do ramo farmacêutico a ampliarem seu mix de produtos. Embora as lojas pequenas não tenham espaço para uma oferta tão diferenciada como ocorre nas grandes redes, muitas delas adotam essa estratégia.

 

Apesar de a Dona Clara do Barreiro se limitar a vender medicamentos e artigos de perfumaria, Divino comentou que outras lojas da rede adotam a diversificação.

 

O proprietário da Drogaria Gávea, no bairro Nova Suíça, região Oeste da Capital, Juliano Castro, acredita que mais mercadorias expostas representa maior movimento no ponto de venda. Porém, ao tentar introduzir brinquedos em seu mix foi barrado pela fiscalização.

 

Entretanto, a legislação de Minas Gerais regularizou em 2009 a venda de artigos de conveniência e prestação de serviços em farmácias e drogarias o que, segundo o presidente da Febrafar, foi um grande ganho para o setor.

 

Associativismo - Outra chance de ganhar competitividade neste setor é por meio da associação com mais empresas para realizar uma compra, o que garante, entre outras vantagens, maior poder de barganha com as indústrias.

 

A Febrafar é uma das entidades que impulsiona este tipo de cooperação. As 33 redes que compõem a associação somam 4.500 lojas no Brasil e podem, juntas, conseguir preços mais competitivos e desenvolver processos de gestão, por exemplo.

 

Em média, as empresas associadas à Febrafar têm um faturamento mensal de R$ 100 mil. Para fazer parte do sistema cooperativista, os negócios precisam ter uma estrutura que impulsione o crescimento. Em Minas Gerais, a Rede Farma, Entrefarma, Uai Farma e Droga Rede fazem parte da entidade.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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