Tendência é de continuar em alta nos próximos meses, por causa do tempo seco.
Os custos da produção do leite em Minas, depois de apresentarem queda em abril, voltaram a subir em maio, com crescimento de 2,83%. A tendência é de que nos próximos meses sejam registrados novos aumentos, sustentados pelo início do período de seca, que compromete as pastagens e exige dos produtores investimentos para alimentar o rebanho com ração. Nos últimos 12 meses, o custo aumentou 18,36%.
De acordo com Alziro Vasconcelos Carneiro, analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite, "o resultado de maio retoma a seqüência de aumento nos preços dos insumos utilizados nos sistemas de produção de leite, que vem sendo observada desde junho de 2010".
Mesmo com o encarecimento dos custos de produção, o pecuarista que investe em tecnologia e no aumento da produtividade conseguiu minimizar o impacto, em decorrência da alta nos preços do leite em maio. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor pago ao produtor de leite em Minas, ao longo do mês passado, teve aumento de 6,13%, em relação aos valores recebidos em abril. O valor médio líqüido do litro de leite no Estado em maio foi de R$ 0,73. A valorização se deve à menor oferta do produto, provocada pelo tempo seco.
Segundo o levantamento da Embrapa, os grupos de insumos que mostraram maior variação foram produção e compra de volumosos, com alta de 15,98%; qualidade do leite, com aumento 6,85%; e sal mineral, 5,64%.
A alta no grupo produção e compra de volumosos ocorreu devido ao aumento nos preços de insumos como calcário, adubos, defensivos, sementes e mudas. Já no grupo qualidade do leite a alta decorre da variação nos preços dos detergentes, principalmente alcalino e ácido, e no grupo sal mineral por causa do aumento nos preços dos componentes.
Embora de menor intensidade, os grupos reprodução, sanidade e mão de obra também apresentaram alta de 1,76%, 1,10% e 0,37%, respectivamente. No primeiro grupo, a variação ocorreu em conseqüência dos preços de combustíveis, principalmente da gasolina; no segundo grupo a alta se deve à variação nos preços de medicamentos e vacinas de uso veterinário; e no grupo mão de obra subiu o custo dos diaristas.
O único grupo a apresentar deflação foi o de concentrado, que encerrou o período com queda de 1,62% sobre abril. De acordo com o analista da Embrapa, o resultado é reflexo das variações nos preços do farelo de soja e da ração bovina, que estão mais baratos, devido ao período de safra dos grãos.
Os analistas da Embrapa calcularam também a evolução dos custos na produção leiteira do Estado no acumulado do ano. De janeiro a maio, o ICPLeite/Embrapa acumula variação positiva de 9,71%.
No intervalo, todos os grupos de insumos apresentaram alta. O incremento mais significativo foi observado nos grupos de produção e compra de volumosos, que encerrou o período com aumento de 24,2%, seguido pelo segmento de sal mineral, de 20,38%; qualidade do leite, 17,98%; mão de obra, 7,2%, concentrado, 5,5%; sanidade, 4,02%; energia e combustíveis, 3,39%, e reprodução, 1,43%.
De acordo com Carneiro, no grupo de produção e compra de volumosos, a alta ocorreu, principalmente, pela elevação no preço dos insumos utilizados, como cana-de-açúcar, capineira e pastagens. Em qualidade do leite, a alta ocorreu devido ao aumento nos preços dos detergentes utilizados na limpeza dos tanques de armazenagem e das ordenhadeiras.
Nos últimos 12 meses, o ICPLeite/Embrapa acumulou aumento de 18,36%. A alta foi registrada em todos os grupos pesquisados. Os insumos relativos à alimentação do rebanho, tanto concentrado quanto volumoso, e a qualidade do leite foram os que mais aumentaram.
No grupo mão de obra, a variação é resultado do reajuste do salário mínimo no início do ano, e no grupo sanidade da variação nos preços de medicamentos e vacinas de uso veterinário. Nos demais grupos de insumos, apesar de também terem variado positivamente, os índices foram menores.
Veículo: Diário do Comércio - MG